pra coisa nenhuma. mesmo.
sexta-feira, setembro 19, 2003
 
festival pra quem gosta de música
além do já citado jogos, deuses e lsd, alguns filmes do festival do rio têm uma importância especial pra quem gosta de música (para uma seleção de apostas estritamente do ponto de vista cinematográfico, checar a contracampo ao longo da semana).
o primeiro a ser citado é demonlover, de olivier assayas, que além de 8 faixas compostas pelo sonic youth especialmente para o filme, ainda conta com duas pérolas de outros artistas, "lovely head" do goldfrapp e "dirge" do death in vegas. sensorial e friamente metálica, a trilha evoca o filme. esperamos muito dele.
all tomorrow's parties, filme de yu lik-wai, mais do que inspirado na brilhante canção do velvet underground, tem como compositor yoshihiro hanno, compositor de pérolas em trilhas como flores de xangai e plataforma, além de alguns discos brilhantes já citados aqui (april, 9 modules). falando em plataforma, devemos atentar também para prazeres desconhecidos, belo filme de jia zhang-ke, do qual yu lik-wai foi diretor de fotografia. china on top.
interstella 5555, mangá concebido em conjunto com o grupo francês daft punk. não sou lá um grande fã do grupo, mas esse promete ser o filme cult do festival. e a idéia é muito boa. tomara que venham mais coisas semelhantes.
dois documentários que devem ser vistos: um duque chamado ellington, sobre duke ellington, e a vida de paul robeson (aí, fãs de manic street preachers!!), ambos no seio da mostra black dox, que deve receber pouca atenção da mídia e ser colocada estrategicamente numa sala pouco nobre.
por enquanto é só.
 
quarta-feira, setembro 17, 2003
 
não perder...
...no festival do rio br o filme gambling, gods and lsd, um documentário sobre a procura da transcendência (isso aí, simples assim) e que conta com música de merzbow, third eye foundation, fennesz, fred frith, entre outros. quem conhece algum desses nomes sabe da incrível oportunidade que é ouvir coisas desses artistas no volume de uma sala de cinema...
 
 
aphex returns
imagino que alguns freqüentadores deste blog já devem estar achando insuportável esse meu desvio pelo universo cafona. mas prometo não comentar sobre belle & sebastian, porque há uma diferença fundamental entre cafonice e mau gosto. (um outro motivo é o fato de eu não ter baixado e nem sequer pensar em baixar qualquer canção do grupo.)
mas bom, essa mensagem é para celebrar o lançamento do smojphace ep, mais recente lançamento de richard d. james (aka the aphex twin), através do pseudônimo AFX (só ele mesmo pra me fazer botar maiúsculas no blog...). é um remix insano da canção "run the place red", de the bug (aka techno animal) feat. daddy freddy, um ragga transformado num db tribal que muda de batida o tempo todo e leva a cabeça a infinitas dimensões. dir-se-ia, assim na euforia, que se trata do equivalente em remix à revolução "windowlicker". as outras faixas do ep mostram a fascinação de rdj por blipzinhos barulhentos, mas mais parecem uma sacanagem que o kid 606 faria com merzbow ou kevin drumm do que propriamente algo de fato elaborado com finalidade de provocar emoção. não que essas faixas não lembrem coisas antigas que ele fez (pensamos na faixa 2 de "windowlicker", a da equação, e da última faixa do single 2 remixes by afx), mas estão muito aquém de qualquer preocupação além da brincadeira.
não tem problema. a faixa 1 já basta para transformar esse ep numa obrigação para quem gosta de música.
 
 
e agora?
uma opinião muito sustentada entre as pessoas que se importam com música é que as canções bregas que caetano veloso canta só fazem sucesso porque existe uma legitimidade em "ouvir caetano" que permite que o cidadão "de bom gosto" possa gostar da música sem se achar brega. ouvindo "sozinho" eu mesmo me deixei levar por essa impressão. mas com "você não me ensinou a te esquecer" me vem outra idéia à cabeça. é a de que, longe de constituir uma espécie de reserva cult (coisa que o caetano sempre recusou na carreira, de cara, ao regravar "coração materno" pro álbum tropicália), o caetano canta essas músicas da maneira que elas pedem para ser cantadas, e não com a correção que elas geralmente o são. o que significa que o caetano veloso acredita mais no potencial emotivo dessas canções do que seus próprios autores. acredito que é essa entrega, algo não muito comum, que faz a singeleza e a intensidade de certas coisas do cancioneiro brega ("quatro semanas de amor" de luan e vanessa, "meu mel" de markinhos moura, odair josé em geral) e é essa entrega que vemos caetano fazendo. lógico, a produção instrumental da canção ajuda também, é muito bonita e adequada, mas o fato de caetano não diferir muito seu jeito de cantar quando canta compositores menos, digamos, dotados de elegância, é o que me parece decisivo. sei que, para todos os efeitos, "você não me ensinou a te esquecer" (no próprio título uma confusão de segunda pessoa não muito aceitável, e tanto bela quanto "errada") fica como uma das músicas mais tocantes do ano.
 
 
:~~
emoção profunda ao ouvir a nova música de jorge vercilo, "mona lisa". quem senão ele conseguiria traduzir em repertório tão naïf e simplório o fascínio de nossos filisteus por obras de arte que simplesmente não entendem mas precisam entender pra não se sentir burros? olha isso! "mona lisa / me fascina / deusa com ar de menina" (!!!!) o nosso autor surrealista por excelência. o que me faz lembrar de uma outra artista (?) igualmente surrealista, rainha do casiotone, dona sonia rocha. essa figura completamente lendária é responsável por algumas das mais curiosas canções do cancioneiro trash. sabe-se lá como parou na internet, onde foi devidamente baixada e transformada em culto por uma galerinha aí. uma das canções dela, "bello leo", tem muito a ver com a "mona lisa" de vercilo. vamos à letra: "bello leo / leoná / leonardo da vinci / e da humanidade // com suas pinturas / o mundo delirou / sonhou, amou / com suas invenções / o mundo cresceu / venceu, avançou // arquiteto, seus sonhos edificou" (silêncio para risos) o que nos faz pensar que a única coisa que separa jorge vercilo de qualquer senhora desafinada com pretensões artísticas é o fato de cantar afinado e de haver uma empresa produtora disposta a investir. um hurra para kelly key, mundos e mundos mais interessante, talentosa e... instigante.
 
domingo, setembro 07, 2003
 
ficar malandro...
...porque já dá pra baixar o single que puxa o disco do el-p para a blue series, "sunrise over bklyn". o gescom, projeto mais beat-oriented do autechre, lançou o ep iss sa. e, apesar do incrível perrengue que é separar as versões ao vivo da de estúdio, o novo greendale do neil young também se encontra disponível. quando ele começou a tocar em shows, a recepção foi péssima, mas tão dizendo que o disco é ótimo. eu ainda tou baixando, depois comento...
 
 
a pitty lembra muito mais as divas baianas (daniela mercury, ivete sangalo) do que ela acreditaria. o grande dado a respeito dela é sua voz e presença de palco – inteiramente calcada na idéia de performance em trio elétrico, mexendo mãos, indo a vários lugares do palco. acho que esse foi o raciocínio mais interessante que eu consegui ter no show de cinco anos do london burning, também ocorrido no balruim. o chato é que todas as músicas dela tem coisas interessantes, mas acabam se perdendo na falta de charme e personalidade das composições. se as bandas narjara e glamourama dessem ao som a mesma atenção que dão ao visual e às performances de palco, teriam algo de interessante. aparentemente, não dão. acabou que quem fez o show da noite foi mesmo a pelvs, que estava com um som impressionantemente coeso, a bateria seca e mixada lá no alto (meio joy division primeiro disco), e as guitarras criando uma camada de som bem forte. deu uma caída mais pro final, mas nada que comprometesse. ess, a única banda não carioca (são de curitiba), foi a primeira a tocar e teve problemas no seu próprio equipamento (tal como aconteceu no curitiba pop festival), encerrando o show depois de três músicas. autoramas foi a segunda. eu cheguei apenas para ver "fale mal de mim", a úlitma do set deles. eu me divirto no show dos autoramas, mais com a música do que com as piadas da simone ou as coisinhas ploc (coreografiazinhas, gravações entre uma música e outra), que se eu fosse "diretor artístico" da banda eu tirava. a música deles fala sozinha.
 
 
justiça poética
foi no show da nação zumbi que eu estropiei meus ligamentos e tive que ficar um mês inválido. nada mais justo e força do destino que a nação zumbi estivesse escalada para tocar no ballroom (balruim para os íntimos) no último dia em que eu saía pra rua empunhando minha muleta.
perrengues para entrar à parte (imagina uma pessoa de muleta entrando na tumultuada algazarra que se formou em frente à porta [a fila parecia existir por desnecessidade, como alguma crença louca de que algum dia se respeitasse a ordem de chegada ou os seguranças tivessem capacidade e/ou vontade para organizar a multidão, mesmo que não tivessem motivo nenhum para acreditar nisso]), o show foi bem mais do que eu esperava. o som da casa não era nenhuma maravilha: os bumbos estavam secos demais, os graves estourando, podia estar mais alto, mas quer saber? isso foi até pouco relevante pra tudo que a NZ mostrou.
foi um começo de show normal, com "mormaço", o set incluindo grande parte do disco homônimo de 2002, outras do rádio s.a.m.b.a, além das de sempre do período "chico science" (macô, satélite na cabeça, banditismo, manguetown). uma surpresa foi a inclusão de "o carymbó", primeira vez que eu ouvi num show da turnê do disco novo (foram dois só, mas...). é fácil a minha preferida do rádio s.a.m.b.a.
em relação ao show, uma coisa pra dizer acima de tudo: lúcio maia. geralmente ele é o spotlight do show em coco dub e da lama ao caos. mas dessa vez o cara aproveitou um problema no microfone do jorge du peixe pra emendar dois reggaes sensacionais (dennis brown e augustus pablo), emulou jimi hendrix (o começo de "voodoo child" ou "spanish castle magic", não lembro agora), preparando para "purple haze" no bis (versão correta, pesada, mas não além disso), "o carymbó", claro... coisa fina: quando ele cresce, o som da nação zumbi cresce muito, e nem dá pra acreditar que cresce mais do que já é...
são a grande banda ao vivo do brasil (e, em estúdio, provavelmente também) e enquanto o maracatu deles continuar pesando uma tonelada, eles terão anos e anos de glória.
 
segunda-feira, setembro 01, 2003
 
quem viu, viu...
ontem, na casa da matriz, retorno histórico aos palcos do acabou la tequila. para quem é de fora do rio, provavelmente eles só são conhecidos por "biscoito", se eu não me engano a única música da banda que foi "trabalhada" economicamente (teve clip, etc.). ou talvez por ter sido a banda que fez a música-matriz para todas as primeiras composições do los hermanos, "o fim". injustiça. eles mereciam muito mais.
o destino não foi muito generoso com o tequila. logo que eles tinha acabado de gravar o segundo disco e estavam completamente azeitados no palco, uma curiosa novela de gravadoras impede o disco de ser lançado. não sei se foi por isso, mas com o tempo a banda se afastou, foi parando de fazer show, começaram a surgir os projetos paralelos: renato com o influenza, kassim com caetano, marisa monte, etc., nervoso em carreira solo...
encurtando a história: o show ontem foi fenomenal. ok, não havendo propriamente palco, não dava pra haver realmente uma presença de palco (algo em que o acabou la tequila sempre foi muito bom). assim, só restou o som. "só". o som do tequila continua um dos mais fortes em palco, do mais calminho ao mais pesado. "kung fu" é um hit certeiro, com peso e suíngue suficientes pra botar numa festa junto com rapture, liars ou gang of four. os momentos calminhos também funcionam bem, como em "tu é shock". as músicas mais antigas, como "flaming moe" e "o fim", continuam funcionando bem pacas.
"as coisas serão melhores pra mim se eu não fizer nada mais ou menos": bom, se nessa bela frase houver justiça, eles terão seu segundo disco lançado muito em breve, porque deve ser excelente. se não for lançado, tomara ao menos que consiga circular nos meios alternativos (cd-r "oficial", internet), porque privar as pessoas de coisa tão bacana é pecado...
esperamos os próximos shows
 

www.nemo.com.br

ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

ARCHIVES
07/01/2003 - 08/01/2003 / 08/01/2003 - 09/01/2003 / 09/01/2003 - 10/01/2003 / 10/01/2003 - 11/01/2003 / 11/01/2003 - 12/01/2003 / 12/01/2003 - 01/01/2004 / 01/01/2004 - 02/01/2004 / 02/01/2004 - 03/01/2004 / 04/01/2004 - 05/01/2004 / 05/01/2004 - 06/01/2004 / 06/01/2004 - 07/01/2004 / 07/01/2004 - 08/01/2004 / 08/01/2004 - 09/01/2004 / 10/01/2004 - 11/01/2004 / 11/01/2004 - 12/01/2004 / 12/01/2004 - 01/01/2005 / 01/01/2005 - 02/01/2005 / 02/01/2005 - 03/01/2005 / 04/01/2005 - 05/01/2005 / 06/01/2005 - 07/01/2005 / 07/01/2005 - 08/01/2005 / 08/01/2005 - 09/01/2005 / 09/01/2005 - 10/01/2005 / 11/01/2005 - 12/01/2005 / 12/01/2005 - 01/01/2006 / 01/01/2006 - 02/01/2006 / 06/01/2006 - 07/01/2006 / 12/01/2006 - 01/01/2007 / 01/01/2007 - 02/01/2007 / 03/01/2007 - 04/01/2007 / 04/01/2007 - 05/01/2007 / 07/01/2007 - 08/01/2007 / 08/01/2007 - 09/01/2007 / 09/01/2007 - 10/01/2007 / 11/01/2007 - 12/01/2007 / 02/01/2008 - 03/01/2008 / 08/01/2008 - 09/01/2008 / 09/01/2008 - 10/01/2008 / 11/01/2008 - 12/01/2008 / 01/01/2009 - 02/01/2009 / 02/01/2009 - 03/01/2009 / 08/01/2009 - 09/01/2009 /


Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Powered by Blogger