pra coisa nenhuma. mesmo.
la brigitta
brigitte fontaine sempre foi a mais estranha das chanteuses pop francesas. por mais que houvesse pérolas pop – "il pleût" – do quilate alto porém acessível de uma françoise hardy em seus discos dos anos 60, ela nunca teve muito o perfil de uma yeh-yeh girl de paris, funcionando mais para o delicioso lado negro do vanguardismo e da improvisação. naturalmente, isso fez dela uma espécie de diva secreta, um segredo bem guardado que só se avisa que existe aos amigos (e foi exatamente como eu soube da existência dela, conversando com um amigo). a reputação e a música dessa irrequieta experimentadora fizeram-na gravar nos últimos anos com stereolab e sonic youth. bem, senhoras e senhores, brigitte fontaine, sempre acompanhada do marido multi-instrumentista e produtor areski, acaba de lançar seu mais novo e bacaníssima disco, rue saint-louis en l'île. tem de tudo, sempre com uma aura meio dark que faz lembrar um pouco diamanda galas (no clima, não no estilo), em canções pop, árabes, ou mais livres. não dizia que o ano ia começando bem?
muito tudo
respondendo: eu gosto bastante dos discos do
arcade fire e do
animal collective. o que faz de sung tongs incrivelmente melhor do que os outros é o que foge à minha compreensão, na verdade.
diplo é um produtor malandrão que tentou fazer um disco de hip-hop abstrato à alias, dj shadow e rjd2 (florida), e, como não chegou a concretizar grande coisa, entrou nessa onda de levar o funk carioca lá pra fora, não sem ganhar algunzinho com isso (ele não paga os direitos das músicas que lança, e suas sessões de mixagem não estão à altura de um grupo como 2 many dj's pra que ele possa ser considerado como "autor" do set). quando uma pessoa vier falar pra você de favela on blast ou de piracy funds terrorism, remetam-na para o set que o
dj marlboro fez no breezeblock. em todo caso, isso tem um lado bom: em breve vai ter (já deve ter na verdade, uma vez que o marlboro toca até na dama de ferro) mó galera de nariz empinado dançando funk só porque tá na moda, quando há alguns anos atrás (ou basicamente antes do fenômeno marlboro-no-tim) nem prestaria atenção ao que estivesse se passando ao lado.
meus preferidos de 2004
discos:
savath & savalas apropa't
pj harvey uh huh her
björk medulla
blonde redhead misery is a butterfly
spring heel jack sweetness of the water
devendra banhart rejoice in the hands + nino rojo
cocorosie la maison de mon rêve
william basinski disintegration loops
jolie holland escondida
arnaldo baptista let it bed
itamar assumpção & naná vasconcelos isso vai dar repercussão
eps:
asa chang & junray senaka ep
jimmy edgar bounce, make, model
afx analord 10
who's who in 2005
the books, el-p, camu tao, broadcast, blonde redhead, beans, aesop rock, gza, ghostface, cafe tacuba. vocês podem até não concordar, eu certamente amo só metade desses aí, mas esse (com mais alguns nomes femininos que eu não conheço) é o time que mr. scott herren juntou para fazer seu mais novo lp como
prefuse 73, surrounded by silence. o single, "hideyaface", parece que já foi lançado, e o disco já está disponível em seu programa p2p preferido. o disco novo não faz nenhuma revolução no som do projeto, mas também precisa pra quê? ele consegue inserir vozes bem delicadas (camu do blonde redhead principalmente) e acaba servindo-se perfeitamente delas. mr. scott herren, os srs. sabem, é também responsável pelo projeto
savath & savalas, que acaba de lançar um ep novo, mañana. o som, como no extraordinário lp anterior, aprop'at, é inteiramente voltado para a doce voz da catalã eva puyuelo muns, e é uma excelente pedida para ouvir ao crepúsculo de um dia feliz. ou então em qualquer horário, em qualquer estado de espírito. sabe-se lá. belas adições a um ano que começa pegando fogo.
