pra coisa nenhuma. mesmo.
terça-feira, julho 19, 2005
 
bem, maldita contracampo ontem, e algumas músicas adicionadas pela primeira vez ao repertório:
the game "put you on the game"
antony & the johnsons "fistful of love"
tindersticks "milky teeth"
devendra banhart "heard somebody say"
cocorosie "noah's ark"
blonde redhead "elephant woman"
missy elliott "lose control"
no mais, "a pox on you" do silver apples e "the seasons reverse" do gastr del sol que eu não tocava há milênios, e várias que eu repito sempre, "organ donor" do dj shadow, "man is not a bird" do broadcast, versão de "the model" com o big black, a eterna seqüência das 4 e tal com maria bethânia cantando "volta por cima", novos baianos em "os pingo da chuva", gal, paulinho da viola etc.
 
terça-feira, julho 12, 2005
 
quem previu, preview
quem avisa amigo é, e aqui temos uma boa oportunidade de ouvir em primeira mão como será o disco novo de... errr... quem... desse devendra banhart, de quem a gente fala a cada escrevinhamento aqui. idéia fixa é um saco. ô gentinha.
 
 
i had shoes full of holes when you first took me in
enquanto eu ouço aqui faixas dos dois discos dos tindersticks, penso e escrevo sobre antony and the johnsons, que a srta. isabela m. me apresentou ao dizer quem era o sujeito cantando junto com as irmãs cocorosies na faixa dois do disco novo... bem, ouvi o disco novo, i am a bird now, e bateu só pela metade. também, a expectativa era bastante alta, como deveria ser a partir do que nosso herói devendra banhart diz dele. mas aí não é que eu peguei um ep, modestinho e bonitinho de três músicas, chamado the lake. não consigo entender como "the lake", possivelmente a música mais bonita deles, não está no disco novo (na verdade é antony musicando o poema epônimo de edgar allan poe, versão de 1827). a voz do antony, isabela estava certíssima, é de uma delicadeza impressionante. para ter a noção, é como se tivéssemos uma fusão de nina simone e tim buckley (engraçado que no allmusic citam como maior influência scott walker, mas possivelmente pela persona de crooner). em seguida, com participação especial de lou reed, "fistful of love", que curiosamente nos remete para o mundo de "coney island baby", uma das mais bonitas pérolas de reed ("it's out of love"/"glory of love"). ecos de otis redding circulam pelos metais e pelo vocal. terminamos com "the horror has gone", baladão jazzy estilão clássico, meio anacrônico mas, como tom waits, extraindo toda a beleza e poder da defasagem temporal. pronto, é a hora de mais uma vez ouvir i am a bird now e ver o que dá.
ouvindo:
younger than yesterday the byrds tem coisa mais bonita do que "have you seen her face"?
misery is a butterfly blonde redhead bertrand bonnello fez um curta metragem com asia argento baseado numa música deste disco, "the doll is mine". mas é "elephant woman" que não sai da cabeça, num disco que foi minha coqueluche pessoal no ano passado e ainda continua misterioso e instigante.
ultilted autechre ainda difícil definir o novo trabalho desses sujeitos. cada vez menos melodia, batidas complexas e camadas sempre bem sobrepostas, mas parece que eles andam meio circulando pelo vazio, sem muito saber para onde caminhar.
 
sábado, julho 09, 2005
 
dakota fanning
"sing me to sleep". a guerra dos mundos é um filme bem do dodói da cuca, espécie de psicoterapia familiar que envolve o extermínio de boa parte da vida no planeta só para reconciliar o papai com seus filhinhos. o filme não é sem méritos, mas deixemos as divagações cinematográficas para outro lugar. o interessante aqui é que a pequena dakota fanning, numa cena de noite, pede a seu pai para que cante uma canção para ela (ele não conhece as que ela pede, mas em compensação canta "little deuce coupe", dos beach boys). função familiarizante da música que eu falava parágrafos atrás, sobre como a música pode fazer alguém se sentir em casa na ausência factual de uma. canta-se para ficar mais feliz, para esquecer as agruras do dia, ou simplesmente pelo prazer de entoar a passagem de uma nota para outra, reavivar a emoção sentida quando se escuta alguma coisa que te remeta profundamente a uma instância de calmaria. claro, a música tem também outra função, que por vezes é mais interessante (acho que toda a melhor música, em algum nível, trabalha com as duas funções), a do desenraizamento, do encontro radical e direto com um outro: outro país, outra cultura, outros hábitos, mas acima de tudo encontro com outra sensibilidade. e a música é uma expressão tão forte que, ao contato dela, quando ela é executada por alguém com uma sensibilidade forte, parece que entramos um pouco no mundo da pessoa, saltamos de nossa sensibilidade para uma outra. violência romântica em coltrane, ripongagem virtuosa nos novos baianos, geometria with feeling em joão gilberto. como um desses não poderia ter modificado nossa vida?
e como eu, quase dez anos depois, poderia lembrar da melodia de "newark wilder" do pavement (o próprio nome da canção eu só fui "lembrar" quando cheguei em casa e botei o crooked rain, crooked rain pra ouvir) e fazer dela a minha companheira pelo dia de ontem, enquanto eu enfileirava visitas a lojas de calçados atrás de visitas a lojas de calçados (a sensação era um pouquinho semelhante à de dakota fanning, só que com pânico mais contido)? certamente porque ela já estava instalada em algum lugar, algum que eu mesmo já nem lembrava mais que existia. "range life", do mesmo grupo e do mesmo disco, que também me acompanhou ao longo do dia, era mais lembrada, inclusive porque é provavelmente a última música do pavement que de fato me interessa. ao voltar pra casa, entoar a primeira parte de "refractions in a plastic pulse" do stereolab ou mesmo "miss modular", e se deparar cantarolando: "pois é, falaram tanto que dessa vez a morena foi embora"...
 
sexta-feira, julho 08, 2005
 
all those beautiful songz
enquanto ouço sem parar "beautiful boyz", cocorosie + antony (cf. escrito abaixo), algumas informações interessantes:
a revista the believer de junho de 2005 lançou um disco em que diversos artistas interessantes (ou fenomenais) gravam versões de grupos ou artistas que acham interessantes. na ordem do meu interesse pessoal: devendra banhart (gravando antony and the johnsons), cocorosie (demian jurado), spoon (yo la tengo), vetiver, mount eerie, mountain goats, decemberists (esses gravando joanna newsom!), constantines, the shins... não ouvi ainda, mas deve dar o que falar.
uma associação inesperada: vashti bunyan – cantora britânica mítica dos anos 60, com apenas um disco lançado, trazida à tona atualmente pelas recorrentes menções que devendra banhart (olha ele de novo) fazia a ela em entrevistas (dizia que ela e caetano veloso eram suas maiores influências, mas po, falassério, karen dalton!) e por uma participação dela em dueto com devendra na coletânea golden apples of the sun – acaba de sair da aposentadoria de 35 anos sem gravar e fez com o coletivo canadense animal collective o ep prospect hummer. parece que vashti bunyan assinou com a mesma gravadora deste disco, a fat cat, para lançamento de um disco solo – seria o seu segundo em 40 anos de carreira – no final deste ano. esperemos.
ouvindo:
stereolab dots and loops
charles mingus pithycanthropus erectus
françoise hardy soleil
 
 
e não é que elas fizeram novamente? em primeira audição, noah's ark aparecia apenas como uma continuação esperável, um segundo disco que repete o primeiro, mais do mesmo. mas bem, e indo direto ao assunto: o cocorosie, as irmãs sierra e bianca casady, veio para ficar, e já com "beautiful boyz" (parceria com antony, do antony and the johnsons [ciao, isabela!] percebe-se que a voz está mais livre, ela quer alcançar os céus, naturalmente com a ajuda de billie holiday (ou karen dalton) e scott walker (ou tim buckley), espécie de superegos vocais dos cantores. não que aqui estejamos em terreno diferente de la maison de mon rêve, estréia do grupo no ano passado. mesma produção, mesmas melodias de caixinha de música, bateria eletrônica lo-fi, tudo criando um ambiente perfeito para as mocinhas entoarem suas canções. ainda assim, aqui elas parecem impressionantemente seguras do que fazem e de volta para marcar da mesma forma quem gostou do primeiro disco ("tekno love song" promete ser uma boa nova versão de "good friday"). ok, não é o choque que foi ouvir la maison..., isso é um dado. mas não tem tanta gente interessante no mundo fazendo coisas parecidas com o que o cocorosie faz. elas são únicas no que fazem. e continuam fazendo bem. basta ouvir "noah's ark", a canção, para saber que elas ainda se aventuram por caminhos menos imagináveis, ou então "bisounours", em que antony volta para fazer background enquanto o rapper francês spleen trabalha em primeiro plano. "brazilian sun", uma das mais bonitas, conta com devendra banhart em voz totalmente tratada em computador, apenas reconhecível pelo estilo, porque o timbre é completamente outro. essas meninas vão longe.
 
 
que diabos é oumupo?
soube com muita felicidade que havia um novo disco do third eye foundation, depois de uma ausência de quase cinco anos. ausência, de fato? é uma merda quando a gente é vigilante, mas procura no lugar errado. algumas vezes desde little lost soul, último disco de gravações novas do tef (existe o disco de remixes para outros artistas, i poopoo on your juju, lançado em 2001), eu corro pra saber de atualizações da carreira de matt elliott, sempre em vão. agora, que ele lançou como third eye foundation o disco OuMuPo, vol.1, acabo sabendo que o sujeito não ficou parado de forma alguma nesse tempo todo, que ele agora apenas lança discos como matt elliott e já tem dois discos inteiros, e um deles saindo do forno (the mess we made, 2003; drinking songs, 2005). mas sobre isso a gente fala depois. por quê? porque OuMuPo, vol. 1 é sensacional. OuMuPo é uma variação para a música de OuLiPo, OUvroir de LIttérature POtentielle, Oficina de literatura potencial, um treco criado por raymond queneau (zazie dans le métro) e por seu amigo françois le lionnais para produzir obras a partir de algumas regras e limitações impostas par guiar o projeto. aqui, as regras e limitações são trabalhar em cima do material da gravadora ici d'ailleurs (como curiosidade: cada disco vem acompanhado de um OuBaPo, uma história em quadrinhos [bande déssinée, em francês] de 16 páginas inspirada no disco que a acompanha; esta é assinada por jochen gerner). o que matt elliott faz a partir disso pertence só a ele, tem sua cara, sonoridades, preocupações. ecos de flying saucer attack no começo, ou pale saints. aquela letargia do fsa regada a fundos angustiantes de barulho entrópico, a eletrônica em toques precisos e as sonoridades um tanto estranhas às quais ele recorre freqüentemente, ao menos desde little lost soul (as vozes de canto árabe [?] notadamente). às vezes temos a impressão de que o trabalho do matt elliott é a continuação lógica do gênio de kevin shields, menos lírica, um pouco mais suicida (comercialmente inclusive), mais expansiva para outros sons. em todo caso, third eye foundation ou carreira solo com seu próprio nome é muito melhor do que perder tempo tocando ao vivo com o primal scream, que tem umas sonoridades legais de guitarra ao vivo mas que é de uma indigência quase completa em composição. ou pelo menos é agora. se a gente ouvir "higher than the sun" (que guarda características um pouco semelhantes com a letargia drogada de elliott), tudo que eles vêm fazendo desde então cai na vala comum da falta de criatividade. pequena exceção: as duas faixas co-assinadas por shields em xtrmntr, no geral um disco bem fraco.
 
quarta-feira, julho 06, 2005
 
então vocês achavam que isso não voltava mais...
...singanô, patetão! depois de um longo período ouvindo muito pouco, nada ou coisas já batidas, um novo sopro de vontade fez com que o redator destas mal traçadas baixasse avidamente tudo de novidade (e algumas coisas não tão nova assim) que chegasse ao seu conhecimento. bem, muita coisa eu ainda nem ouvi, naturalmente. outras não bateram tão forte como eu gostaria. de todas as audições recentes, as melhores certamente foram:
prefuse 73 reads the books ep: aqueles que estavam contando (como eu) os books fora da jogada por terem feito um albinho bem do chinfrim devem ir correndo ouvir esse disco e perceber que o frescor que eles tinham no primeiro disco ainda está presente, só que ultimamente anda precisando da cabeça brilhante de alguém como scott herren pra dar uma agitada naquele terreno sonoro que já tinha atingido uma espécie de controle confortável; a parceria começou em surrounded by silence, excelente disco não tão novo (mas de 2005) do prefuse, com "numero dos". nesse ep, "ocho" números (assim numeradas e intituladas as faixas) fazem um disquinho pequenininho e ótimo de se ouvir.
tails out otomo yoshihide's new jazz quintet: um disco novo de yoshihide otomo já vinha sendo altamente aguardado depois de dreams, disquinho bacaníssimo de 2002 (entre esses apenas um ao vivo que era bem bacana, mas ainda assim uma etapa no processo). em tails out, temos sete faixas (entre elas uma versão inacreditável de "strawberry fields forever", e ainda temos charlie haden e charles mingus entre os compositores) que nos traz de volta ao universo meio jazz à john zorn, meio bandinha de coreto, mas sobretudo o free improv (=improvisação livre) que vem sendo a constante de sua carreira. porém, nada tão denso para ouvidos não-treinados. o que é mais interessante no OYNJQ é justamente essa curiosa acessibilidade com conceitos de ponta e não necessariamente tão user-friendly assim.
pra terminar o post, discos muito bacanas mas que não retornaram a aposta que se fazia neles: minna no junrei asa chang & junray everything ecstatic four tet (ainda confesso que preciso ouvir ambos mais vezes). the documentary de the game é um disco bem bacana, assim como é noah's ark, novo do cocorosie, mas nenhum desses nos traz algo de mais forte e inesperado. agora, um que é necessário ouvir urgentemente, mesmo porque eu nem sei do que se trata exatamente: oumupo, volume 1, novo disco do third eye foundation (aka matt elliott do flying saucer attack) em sabe-se-lá quantos anos. não é exatamente material novo mas uma espécie de compilação. em todo caso, tudo que vem do cara que fez ghost e little lost soul merece atenção.
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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