pra coisa nenhuma. mesmo.
domingo, agosto 07, 2005
 
músicas pra coisa nenhuma
nova modalidade aqui no blog: falar de alguma música que volta sempre à memória, e que o faça por ser sensacional e exercer um papel importante no meu gosto, em como eu entendo e gosto de música, etc. misturar observações objetivas com sensações subjetivas. toda semana tem que ter no mínimo uma. não é um cânone, embora sejam músicas dignas de cânone. nada sistematizado. o inconsciente trabalhando junto com o consciente.
proximamente: mad professor, "invasion dub"
 
 
uma obviedade?
"unimultiplicidade", parceria de tom zé com ana carolina, teve sua grande estréia no domingão do faustão de hoje. é a tal 'música do mensalão', feita na filosofia da imprensa cantada que tom zé desde os anos 70 nos brindava, e cujo exemplo mais interessante recentemente é o belo "vaia de bêbado não vale", sobre a vaia ao joão gilberto num show. mas a apresentação no programa da globo foi bem decepcionante, com um tom zé bastante perdido, esquecendo da letra a todo momento, como se sua cabeça nem estivesse lá. quanto à canção, bem, tirando alguns momentos da lírica conhecida e inspirada do tom zé (pego meu violão de guerra / pra responder essa sujeira / e como começo de caminho / quero a unimultiplicidade / onde cada homem é sozinho / a casa da humanidade), não tem nada muito mais a dizer, seja pelo clima meio bobo de roubalheira generalizada e saneamento moral da letra, seja pela composição burocrática, sem brilho, fazendo sentir saudades de vandré (claro, não tem comparação, tom zé é um gênio, vandré é esforçado e talentoso em vários momentos). ainda assim, quando o ídolo dá um passo em falso, é bom admitir.
 
sexta-feira, agosto 05, 2005
 
quid pro quo
nada fácil escrever do novo disco de devendra banhart, cripple crow. por quê? ruim, fraco? pelo contrário. mas porque ele parece se movimentar numa maneira diversa, completamente outra em relação aos dois geniais lançamentos de 2004. nesse novo disco, nada da coesão e da coerência estrutural a cada canção, uma identidade sonora e estilística muito grande. aqui, devendra elenca um mui diverso rol de influências, se aproxima do pop e do rock alternativo ("i feel just like a child"), mostra finalmente a devoção por caetano veloso ("santa maria da feira")... não que não haja espaço para a canção que se espera dele ("now that i know", que abre o disco, ou "queen bee"). em cripple crow há uma maior profusão de instrumentos além da voz, do violão e do coro, músicas com cara de hit pop-light ("heard somebody say"), pérolas de fazer qualquer jorge drexler cair na estrada de motocicleta ("quedate luna"), e uma inesperada obra-prima incontestável, "inaniel" [como é bom fazer essas frases superlativas]. eu diria que é um disco diferente, estruturalmente mais irregular, mas tão forte quanto os dois anteriores. aliás, respondendo a bernie oak, há um bom tempo não me pauto mais completamente pelo paradigma poundiano, por algumas razões. a principal é que muito da arte de hoje funciona numa outra lógica de influência, pós-maneirista, uma não-dialética bem nietzschiana de esquecer, não de se deixar influenciar ou não querer influenciar, mas experimentar tudo e fazer de conta, na hora de criar, que está começando do zero. não é qualidade nem defeito, é uma característica da época: há um excesso de referências, há uma multiplicidade de fontes (só pós-internet é concebível que se tenha um repertório tão grandes de coisas tão diferentes que podem ser ouvidas ao mesmo tempo), mas ao mesmo tempo um sentimento muito salutar de liberdade em relação a isso tudo (quando na época da "morte do cinema" o sentimento era de luto); hoje, há uma volta ao íntimo e aos preceitos mais básicos para transmitir um ritmo particular de ritmo, voz, vida. daí o blues e o folk como referências principais. mas não precisa-se que se compreenda tudo isso para gostar da música do devendra banhart. tudo que ele tem de syd barrett, de marc bolan, de karen dalton, de vashti bunyan, é também a forma que ele tem de se apropriar de tudo isso e fazer uma coisa que não parece exatamente com nenhuma de suas influências, sem ser um melting pot, sem ser uma mistura de x com y; é apenas a maneira que é possível ser devendra banhart hoje, na história e no tempo de hoje.
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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