pra coisa nenhuma. mesmo.
sexta-feira, agosto 29, 2008
 
essa semana a gente não precisou esperar o agamenon mendes pedreira para dar umas boas risadas. podem até dizer que é assim sempre, mas essa semana foi demais. inicialmente, duas páginas para os abutres fazerem a partilha das capitanias hereditárias do cinema brasileiro. a palhaçada atingiu níveis tão grandes que as pessoas falam a sério de "edital para filmes comerciais". olha só, edital pra filme comercial já existe e sempre existiu. é banco. todo empreendimento comercial tem risco. quem for corajoso que se aventure e pare de sugar. no entanto, os vermes adoram... enquanto os gênios de mercado definham junto com o cinema brasileiro convencional, nosso cinema ainda resiste como sabe, sendo experimental: tonacci, mojica, bressane, os recém-chegados de fortaleza, o bruno safadi. por outro lado, sob o aspecto artístico, o cinema brasileiro acima de 1 milhão torna-se cada vez mais inessencial... além de deficitário. ### a outra palhaçada é o exercício nada velado de nepotismo criado por um ex-cineasta, que não à toa tem um filme chamado o circo, para incensar o filme da filha, dentro e fora das linhas de sua coluna. ### por oturo lado, é isso que dá esses imbecis ficarem fazendo elogio da brodagem e dos liames delicados entre objetividade e subjetividade do olhar crítico: o que se perde com isso é menos o critério do que a compostura e o rigor. vergonhoso. ### aliás, toda essa atmosfera em torno do cinema nacional vem dando um bocado de nojo há muito tempo, dos documentários que não fedem nem cheiram (toda semana entra um em cartaz) às fraudes badaladas. ### depois de anos e anos de falta de investimento e deterioração a olhos vistos, declaram a morte do paissandu com espetáculo necrófilo de fechamento. quem vai? divirtam-se ### querem ver teatro vivo (apesar do tema ser, em parte, a morbidez repetitiva de uma geração)? esperem uma remontagem de sísifo, de diana de hollanda. ou esperem sua próxima montagem. vale a pena. ### do amor é a banda nova (não tão nova assim) dos ex-membros (menos um) do carne de segunda. fizeram belo show essa semana no cep 20 mil e estão cada vez mais entrosados e coesos. mais um pouquinho se tornam uma senhora banda. ### dubstep e dub da finlândia? clouds é uma dupla de que ainda ouviremos falar um bocado. "under the dancing feet", com vocais de tiiu, é uma pérola que remete a "night light" da miho hatori. o myspace deles não tem essa música, mas também é bem bacana.
 
terça-feira, agosto 26, 2008
 
2008 rocks
até agora, o ano já tem duas bandas revelação nesse gênero desmilingüido e em eterna crise que é o rock: o crystal antlers e o abe vigoda. ambos com um perfil claramente percussivo, de utilizar levadas fortes, incisivas, que forçam a sensação de loop mais do que sugerem o fluxo da melodia e da progressão da composição. os crystal antlers lidam melhor com isso, com seu som alto, psicodélico, alternando entre velocidade furiosa e lentos momentos de intensidade. os rapazes do abe vigoda já preferem um modo mais calmo, uma guitarrinha aguda e limpa, levemente suingada, que contrasta com os ataques mais firmes da bateria. a guitarra, aliás, lembra em momentos o vampire weekend, que aliás seria a terceira das revelações no ano. o que falta no abe vigoda e sobra no vampire weekend é composição: a gente sai do disco curtindo no geral mas sem lembranças mais firmes das faixas como um todo. ### enquanto passava no google o nome real do produtor por trás do burial, olha o que me aparece pela frente! não sei se trata-se mesmo do outro métier do sujeito, mas, se for, o nome burial já está mais do que justificado... depois do zé do caixão e da família do six feet under, o mercado funerário está cada vez mais firme no ramo do entretenimento... ### que música foda é "tatuarambá" do tom zé.
 
sábado, agosto 23, 2008
 
já apareceu no soulseek, daqui a pouco está chegando nas lojas e conseqüentemente será objeto de diversas críticas elogiosas: microcastle, disco novo do deerhunter. já tinha ouvido os dois anteriores do grupo, assim como o lp solo do vocalista, que assina como atlas sound. os dois anteriores não tinham me impressionado, mas me agradavam num ou noutro momento. já esse novo me incomodou terrivelmente, seja pela total falta de criatividade, seja pela fofura, seja por qualquer coisa, mas acima de tudo pela total reiteração dentro de um gênero que já foi usina de invenções, o indierock (tudo bem que lá se vão uns quinze anos, mas vá lá...). é claro que vai ter um tantão de gente se derretendo pela "sensibilidade" das letras, pelas fofuras que remetem a melodias de infância misturadas à distorção de guitarra, ao apelo pop das composições. eu, eu só acho ruim. e fim de papo. um disco interessante, apesar de despido de maiores atributos, é helena espvall and masaki batoh, disco da violoncelista do espers com o guitarrista do grupo japonês ghost. o disco é uma coleção de canções folk, imagina-se que de outras épocas, cantadas em sueco, japonês, inglês. o trabalho de instrumentação é precioso, mas executado com mais afinco do que com feeling. talvez seja esse o limite do disco, o excessivo respeito e cuidado que acaba reduzindo a possibilidade de mais vastos arroubos da alma. mas que ouve-se de forma tranqüila e tranqüilizante, doce e sutil, se ouve. mas a grande surpresa da semana foi ver que apareceu uma música nova do até então desaparecido sr. tmo jenkinson, mais conhecido como squarepusher. até agora está só no myspace da warp records, mas a música nova dele, "delta v", é de surpreender aqueles que só o conhecem por suas faixas mais jogadas pro drill'n'bass, como "my red sports car", porque está muito mais pras bandas do mike watt (minutemen, por exemplo) do que qualquer outra coisa, só que fazendo uma dessas melodias instrumentais contagiantes, como "cecilia ann", dos surftones, que os pixies colocaram no começo do bossanova. parece instigante? porque é!
 
terça-feira, agosto 19, 2008
 
algumas breves considerações sobre uma mais breve ainda passagem por são paulo ### espero que a exposição de arte italiana no masp não seja representativa da arte feita naquele país, ou então os italianos estão lascados. não que não tenha coisa boa. tem algumas, em geral esculturas. mas tem coisa inominável de ruim e outo tanto de coisa irrelevante. ### não vejo muita graça em ficar vendo esses objetos de exposições arqueológicas, mas o osso com o prego da exposição no subsolo do masp é supimpa ### jornada de cinema silencioso na cinemateca: fantástica, uma das coisas mais impressionantes desse ano, genial em termos de conceito, curadoria e execução, que compensa os eventuais deslizes (basicamente certas escolhas inadequadas de acompanhamento). estranhei muito a ausência de certos cinéfilos, mas talvez ver king vidor, kenji mizoguchi, yasujiro ozu, frank borzage, yevgeni bauer, tod browning no cinema não seja tão prioritário para os outros quanto é para mim. ou talvez nalgum universo paralelo os filmes desses cineastas passem freqüentemente em película para o deleite de seitas misteriosas, e a seleção da jornada não tenha sido tão especial assim... ### a propósito, não levo a sério crítico de cinema que nunca vi em cinemateca. e tendo a não levar a sério gente que não freqüenta, com raríssimas exceções (e algumas explicações). ### e para que ninguém diga que esse inútil blog desvirtuou-se das informações musicais para atender somente aos devaneios de seu vaidoso escriba, vale chamar a atenção de uma nova versão do fennesz (que é um dos queridinhos da casa) para canção pop conhecida. depois dos rolling stones e dos beach boys, agora é a vez do a-ha (ahn?), com "hunting high and low". a faixa pode ser conferida aqui. ### e boa diversão.
 
domingo, agosto 10, 2008
 
mais identidades
essa, que eu saiba, não foi divulgada, mas o discogs já reconhece o projeto the tuss como sendo mais um dos pseudônimos de richard d. james, mais conhecido como aphex twin. na verdade, bastava só ouvir para perceber que aquilo era mais do que trabalho de alguém extremamente influenciado, já que parecia seguir na pesquisa musical desenvolvida pelo artista, que apesar de estender sua influência do eletrônico experimental mais radical ao indietrônico mais pastoral (múm, por exemplo), permanece totalmente inimitável. ### devo dizer que não me sinto nada entusiasmado por essas ondas neodisco, neoretrô, neotecnopop que vem inundando as listas de lançamentos e vêm ganhando acolhida crítica extremamente positiva. fui dar uma nova chance aos discos recentes de m83 e cut copy, ouvindo as cinco primeiras faixas de cada (que, vale dizer, foram cotados acima de 8.5 na pitchfork). adoraria sentir o mesmo entusiasmo que os escribas desse veículo, mas o sentimento de mesmice me dominou completamente, como se nada tivesse que ter sido adaptado de uma determinada sensibilidade já inteiramente digerida, como se a música fosse apenas uma tarefa de seleção e reciclagem de sons narcisicamente escolhidos. ### mas pra não dizerem que a ranzinzice domina o pracoisanenhuma, andré balaio me avisa do myspace de sua nova banda, o pocilga deluxe, e que lá tem três faixas para ouvir. ouvi as três e achei muito bacanas, prova de que pop inteligente não cansa nunca e que saber escrever letras realmente honestas e inteligentes compensa. para quem não liga o nome à pessoa, andré balaio foi um dos membros de uma das bandas de melhor nome de todos os tempos, paulo francis vai pro céu, e autor de um dos hinos do rock brasileiro underground dos anos 90, "eu queria morar em beverly hills". merecidamente, a música virou cover de wander wildner e está na trilha sonora do magnífico eletrodoméstica, curta de kleber mendonça filho. quem sente falta, que conheça a pocilga!
 
quarta-feira, agosto 06, 2008
 
multitwitter?
o nascimento da camarilha dos quatro, há seis meses, criou um problema prático para esse mui querido blog: o fato de que eu já arrumei outro lugar para escrever sobre música, e dessa vez com algumas obrigações periódicas (dois textos sobre discos no domingo, um texto sobre faixa na quinta/sexta). mas não queria fazer esse blog desaparecer, pois ainda que pra coisa nenhuma, é uma inutilidade que me agrada bastante. portanto, farei dele uma espécie de agenda com pequenas observações sobre discos e músicas, talvez outras coisas, mas focando no universo da música e da cultura. como sou ranzinza o suficiente para achar esse treco de twitter uma chatice, faço deste blog o espaço pra ficar twitando ao meu jeito ### a luta no momento é tentar inscrever o gas no histórico do techno ambient, ou do dub ambient: wolfgang voigt tem lugar no panteão de aphex twin & brian eno? nah und fern chega aos pés de algum dos selected ambient works? as respostas a isso, que eu ainda não tenho e não sei se terei, será encontrável na camarilha depois do fim de semana ### cobertura do lollapalooza no globo: capa paga pelo tim festival para cobrir o festival, mas só se comentam as atrações que virão ao tim, e ignora-se artistas da envergadura do radiohead para falar de gente como, err, mgmt. acho que, discretamente, essa matéria adiciona um novo capítulo ao já rechonchudo livro sobre a transformação do jornalismo em informe publicitário. ### finalmente revelado o segredo da identidade de burial. quer dizer, não é segredo: é apenas um produtor do sul de londres que odeia holofotes mas que, em vista do rebuliço que foi a busca por sua identidade, revelou chamar-se william bevan. a nota na íntegra pode ser lida no blog do myspace dele. a boa nova é que em breve tem mais lançamentos dele... ### depois de muito relutar, aderi definitivamente ao novo servidor do soulseek. responde muito mais rapidamente às buscas, você pode personalizar a interface e não tem os bugs desagradáveis da versão anterior (a pior pra mim: botar disco inteiro pra baixar, vir a primeira e mais nenhuma). só resta agora esperar que migrem todos. ### lv feat dandelion "cctv". primeira audição, o novo 12" da hyperdub deixou um pouco a desejar. vamos ver se mudo de opinião com mais algumas audições...
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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