pra coisa nenhuma. mesmo.
quinta-feira, agosto 28, 2003
 
fell in love with a song
curioso e estimulante saber que mesmo depois de uma relação longa e forte com a música de alguém, ainda é possível ficar absolutamente fascinado por alguma coisa que simplesmente não se esperava desse artista. trata-se de uma música do neil young, e nem é de um disco novo. é "the will to love", que está em american stars n' bars, um disco bastante irregular mas que contém um dos clássicos do cancioneiro de young, a inacreditavelmente linda "like a hurricane". "the will to love", no entanto, é bem calma. sete minutos de violão, voz, coro (do próprio young, que faz absolutamente tudo na música), alguns efeitos no vocal, e um efeito adorável que são os sons de madeira estalando no fogo. periga ser a balada mais bonita do young. e olha que eu amo "lotta love", "after the gold rush", "only love can break your heart"...
a outra é um amor antigo que eu venho ouvindo mais e mais nos últimos dias. é "e-bow the letter", canção que pertence ao disco new adventures in hi-fi do r.e.m., talvez o último disco realmente bom do grupo (esperemos que os futuros lançamentos caduquem esse comentário). a música conta com um vocal fantasmagórico da patti smith, musa absoluta. perfeita para depois das 3 da manhã, sobretudo com essas chuvas eternas...
 
sábado, agosto 23, 2003
 
why hip-hop doesn't suck in 2003
boas novas no front do hip-hop. boom bip lançou ep novo como teaser de seu novo disco e engajou cLOUDDEAD e boards of canada para realizar remixes. chama-se from left to right ep e já dá pra achar no soulseek. falando em cLOUDDEAD, o grupo de dose one, why? e odd nosdam já está com o álbum pronto. deve ser lançado no começo de 2004. o primeiro deles, homônimo, é primoroso e obrigatório. (aliás, rola no slsk a gravação das peel sessions de 2002 com boom bip e o cLOUDDEAD ao vivo...
além disso, a anticon acaba de lançar o primeiro disco do dosh, de quem eu só ouvi uma música e ainda não sei o que achar. e a anticon vai lançar disco novo do sole jajá. é só estar atento. e ep novo do alias.
o disco novo do tes, x2, é bem interessante, embora não sustente o peso o tempo todo.
algumas faixas de hiphop que fazem a graça de 2003:
mummy fortunas theatre company, "the toy chest"
cage, "ballad of worms" (cortesia de nosso amigo bruno ruler, de bh)
tes, "big shots"
50 cent, "in da club" e "p.i.m.p."
buck 65, "square track 10"
ps.: não tem nada de hip-hop, mas o disco da susheela raman é fenomenal. paixão imediata ou, como dizem os franceses, coup de foudre
 
quinta-feira, agosto 21, 2003
 
e vocês?
e vocês, o que andam ouvindo? alguém ainda me lê?
 
 
o que está por aí e o que vem por aí
calma aí, ou eu enlouqueci ou foi o mundo. vi terça-feira no globo a seção de discos recomendando freak in, do dave douglas. finalmente o globo se rendeu ao fato de que ainda existe produção de vanguarda no jazz contemporâneo? inacreditável... pra quem não sabe, dave douglas toca com o john zorn como parte da banda "oficial" do masada. no disco, entre muitos outros, tocam ikue mori e marc ribot... essencial... baixei, mais tarde comento...
mas olha o que tá chegando: em breve, disco novo de um dos projetos mais interessantes de música experimental, a dupla the books, que lançou meu disco preferido do ano passado, thought for food. além disso, alguns lançamentos da gravadora thisty ear que realmente é pra deixar o ouvido sedento... threads, o novo disco de david s. ware e seu genial quarteto (matthew shipp, william parker, susie ibarra). disco da blue series com el-p, um dos maiores produtores de hip-hop, single do dj spooky ainda trabalhando em cima do material do optometry, disco como bandleader de william parker... não acaba nunca...
 
 
elogio de mais um ep
eu não sei se já mencionei isso antes, mas o tsu gi ne pu ep da dupla japonesa asa chang & junray é também um dos momentos mais fortes do ano. cada uma das cinco faixas toca palhetas completamente diferentes do espectro musical, o que faz com que o disco seja uma espécie de enigma. na verdade, são seis faixas, já que ao fim da quinta vem um enorme silêncio, que precede uma sexta faixa escondida e pra lá de curiosa (uma simples contagem que vai aos poucos ganhando "cobertura" de notas sintetizadas). mas as grandes faixas do disco são a segunda, tsuginepu to ittemita", e o clássico instantâneo "xylophone". obrigatório.
 
 
algumas das mais emocionantes coisas do ano
ano passado um dos meus mimos foi optometry, minha primeira incursão no maravilhoso mundo da "blue series" do senhor matthew shipp. resumindo: shipp, um dos pianistas de jazz mais interessantes de hoje (eu diria "o" mais, mas não tou a fim de criar polêmica; e pra ser justo eu teria que incluir o joão donato, muito embora não tenha ouvido seus últimos discos), resolveu fazer um projeto em que recruta artista de hip-hop/eletrônica e toca, sozinho ou com banda, junto com eles. optometry é com o dj spooky, e tinha sido até então a "blue serie" mais brilhante. até nosso amigo trabalhar com o spring heel jack e convocar alguns dos maiores músidos de free jazz de todos os tempos para fazer uma sessão inacreditável chamada simplesmente live. pois bem, os dados do disco são esses: matthew shipp no piano elétrico, evan parker no sax, han bennink na bateria, william parker no baixo, j. spaceman (do spiritualized) na guitarra e o spring heel jack na manipulação eletrônica. o resultado são duas sessões livres (sem composição ou uma melodia previamente determinada a seguir) inacreditáveis, circulando pelos trinta e poucos minutos cada, em que a gente fica bestificado por jamais ter ouvido nada parecido. a referência básica é bitches' brew, muito embora o andamento lento e o timbre dos instrumentos (piano elétrico, guitarra) lembrem mais in a silent way. mas curiosamente esse disco não soa tributário de miles ou de coltrane, nem mesmo de ornette ou ayler. por diversos momentos achamos que estamos enfim na frente de algo novo, nunca tentado antes. e, novidades à parte, é brilhante.
love trap, susheela raman – susheela raman é a novidade desse ano que você não pode ignorar. se ano passado a norah jones deu uma visão límpida e doce da feminilidade humana (um disco muito bom, tá, não vamos falar mal só porque a moça tá na trilha da novela da globo...), agora é a vez da susheela nos jogar num outro gênero feminino, denso e perigoso, caro a artistas como pj harvey e nina simone. susheela ainda tem todo um lado exótico a ser explorado pela mídia: é mezzo inglesa mezzo árabe, quase todo o disco cantado nessa última língua... mas é muito mais interessante do que isso. comento depois.
 
domingo, agosto 17, 2003
 
algumas primeiras audições
quixotic, martina topley-bird -- vocês lembram do tricky, né? sabe aquela mulher que cantava com ele nos primeiros discos? martina, lembram? então. primeiro disco solo dessa mulher de voz sexy e forte que povoava de erotismo e exotismo as canções mais impregnadas do tricky. em quixotic, a trama é outra. tem espaço pra baladas mais comuns, a contaminação não é muita, mas o que mais pega é que a produção não tem nada de mais. a primeira faixa acaba sendo a mais interessante. mais para fãs de beth gibbons (a quem a martina parece imitar às vezes) do que para admiradores do tricky.
the civil war, matmos -- ouvi uma vez só mesmo, mas a decepção foi forte. o disco não tem nada muito "catchy" como em coisas do disco anterior ou como em "last delicious cigarette", ainda a grande faixa do matmos. até aí nada demais, mas a complexificação da estrutura das canções não chega em momento nenhum a um território inexplorado. parece um grande lado b. pode ser que eu mude de opinião com o tempo, mas agora só perde pro goldfrapp como decepção do ano. espero que ao menos o matmos tenha guardado suas melhores idéias para a produção do disco da björk, incumbência deles novamente.
viva!, nlf3 -- grande disco. não tem nem menção a eles no allmusic. os caras são da frança e fazem uma música que lembra um bocado medeski, martin & wood, aquele clima de jazz lo-profile com barulhinhos básicos e climas inesperados. tortoise também pode ser uma referência, muito embora esteja mais ancorado em jazz composto (não improvisado). admiradores de stereolab, creio, vão gostar. a frança já nos tinha dado esse ano o disco pra lá de bacana do m83; mas acho que é o do nlf3 que é o definitivo...
 
 
és indelével como a flor
os discos do cartola são como pequenas flores que crescem, crescem, e quando você menos espera ela desabrocha e você se dá conta de toda a grandeza. os primeiros que eu comprei foram os dois primeiros por eles lançados, ambos homônimos, pela marcus pereira. ia ouvindo tranqüilamente, sem fazer juízos diante da qualidade, simplesmente ouvindo uma canção depois da outra. e qual não é a surpresa num dia quando você se pega cantando tudo de cor, apaixonado, emocionado pela força da letra e a pungência da voz? daí você descobre sem saber que está diante de uma peça rara, dessas difíceis de encontrar igual. uma obra-prima. cartola lançou apenas quatro discos. um quinto, contudo, um depoimento e oito canções executadas apenas em voz&violão, foi lançado com o título documento inédito. lá está cartola livre dos arranjos, livre pra alterar levemente o andamento, mas acima de tudo solto em sua intimidade para entregar provavelmente a sessão mais emocionada que já gravou.
o depoimento biográfico, que vai entre uma canção e outra, nos deixa mais próximos do disco, a distância crítica diminui e estamos logo prontos para nos emocionar com "autonomia", "o sol nascerá", "quem me vê sorrindo". é uma pena que esse disco (os do cartola em geral, aliás) sejam tão difíceis de ser encontrados. são todos obra de antologia.
 
quinta-feira, agosto 14, 2003
 
três discos de jazz
our man in paris, dexter gordon, 1963 – considerado um dos grandes discos desse tardio saxofonista de bop, our man is paris acaba de ser relançado em versão remasterizada e adicionado de duas faixas bônus. um disco de rara beleza para os admiradores dos solistas sóbrios, líricos e bem ordenados, embora já se sinta um nervosismo bem presente na época em outros saxofonistas (coltrane, sonny rollins). standards de charlie parker ("scrapple from the apple"), "a night in tunisia", "broadway"... como bônus, uma peça fina de bud powell no piano... "like someone in love" em versão inspiradíssima.
music is the healing force of the universe, albert ayler, 1969 – um ano antes de sua morte, um dos instrumentistas mais intensos da história do jazz entrega um disco denso, certamente irregular mas que consegue cativar de primeira. ok, sua namorada cantando em duas faixas não ajuda muito, principalmente quando uma delas é a primeira do disco. a segunda, contudo, "masonic inborn, pt.1", é uma das coisas mais fortes de se ouvir, um mergulho em confusão e acavalamento sonoro que está perto tanto do coltrane mais radical (ascension) quanto das pesquisas com serialismo que se fazia na época.
tour de force, sonny rollins , 1956 – quando a gente ouve coisas como "ee-ah" e "b.swift", a gente se pergunta por que rollins é colocado sempre um pouco à margem da "linha evolutiva" do jazz. temas excelentes, solos inspirados, loucos, exacerbados, já deixando entrever tudo que o jazz faria dali por diante. além disso, o disco conta com sr. max roach na bateria. o ponto fraco é as duas baladas cantadas, "my ideal" e "two different worlds", desnecessárias ao cômputo geral e cantadas com uma empostação meio boboca. fiquemos com a exuberância das faixas instrumentais compostas por rollins... essas sim valem, e muito, a audição...
 
 
quem lê tanta notícia?
trilha sonora das sessões de fisioterapia: uma coletânea do jorge ben nos anos 70 feita por mim mesmo, o primeiro disco do caetano veloso, o segundo do tindersticks, since i left you dos avalanches, the best of tom zé em fitinha comprada... permite que se faça algumas observações sobre como são excelentes os versos do caetano veloso ainda jovem: "eu tomo uma coca cola, ela pensa em casamento"; "uma criança sorridente feia e morta estende a mão"; "a vida começa pelo ponto final"; "uma lua oval da esso".
em tempo: todos esses discos acima citados são primorosos.
 
 
as coisas não precisam de você
muita coisa para comentar, ainda mais que ontem o windows deu pau e eu basicamente pensei que não ia ter computador nos próximos dias, o que deixaria minha convalescença ainda mais terrível. mas bom, vamos aos comentários.
virgem, da marina. um disco de capa instigante, com aquela que eu acho ser a canção mais bonita da marina, e uma das poucas coisas assinadas antônio cícero que eu consigo aturar (o inverno glacial do leblon não dá pra aturar). mas realmente não dá, por dois motivos:
-- o primeiro se chama leo gandelman. além de saxofonista chatíssimo, é o produtor do disco, apostando em tudo que naquele momento era moda e hoje ficou marcado como "mau gosto dos anos 80": bateria eletrônica, guitarrinha chata solando, sax, tecladinho de cobertura...
-- o segundo motivo é torquato mariano. junto com o gandelman, ele consegue dar ao disco uma cara que na época podia até soar lírica, mas hoje soa cafona.
então por que comentar sobre esse disco? a) por "virgem"; b) por "preciso dizer que te amo", arranjo boboca, não especialmente bem cantada pela marina, mas foi a versão que ficou imortalizada (muito embora a versão caseira de cazuza e bebel gilberto seja infinitamente mais bonita); e c) "uma noite e ½", ok, uma canção triste de ruim, mas que foi a trilha sonora do verão de 88 e, conseqüentemente, das enchentes que dominaram o rio de janeiro nessa época. sempre que eu lembro da geladeira descendo a correnteza na rua de três filas que é a barão de mesquita, o fundo musical é renato rocketh (???!!!!) cantando e tocando baixo suingado vagabundo com marina. heheh
houve um tempo em que eu achei que gostar de cazuza era guilty pleasure. o tempo mostrou que não, né? que acham? pra mim, é o grande letrista dos anos 80.
 
quarta-feira, agosto 13, 2003
 
dados improváveis
bom, black dice é uma banda bastante interessante que eu conheci ao longo desse ano. é barulho na tradição japonesa estilo melt banana. é um duo é eles conseguem com só dois integrantes fazer um barulho dos diabos. outra coisa curiosa é o formato dos discos. eles lançam compactos de 10" (e o nome do disco é esse), fazem eps de duas músicas, enfim, é bem difícil entender o que é considerado por eles um disco de formato tradicional (entre 40 e 80 minutos, com divulgação maior e tal) e o que entra nos moldes de ep e single. provavelmente porque para eles não deve existir essa diferença, é algo mais mercadológico do que artístico. (não custa lembrar que é discutível, mas provavelmente os melhores discos de godspeed you! black emperor e aphex twin [como afx] são eps: respectivamente, slow riot for new zero kanada e hangable auto bulb ep 1&2). o lance é que o black dice lançou há pouco tempo um belo disquinho, chamado cone toaster. nada aqui do som abrasivo e destrutivo que eles andavam exibindo nos primeiros discos (cold hands, black dice), mas algo mais orientado para a eletrônica, muito embora ainda bastante exigente aos ouvidos. em todo caso, continua sendo dois caras fazendo sons ao invés de procurar uma canção. e é bem legal.
 
domingo, agosto 10, 2003
 
verão infinito
era uma vez a música de ruídos feita por computadores, improvisada ou não. na área, brilhava o luminoso merzbow, um japonês que lança pra mais de cinco discos por ano, e tem em mente a idéia de que sua música é uma espécie de transcriação para o universo sonoro da escrita automática tentada pelos surrealistas nos anos 30-40. até que aparece um cara chamado christian fennesz, pega sua guitarra, retrabalha os sons no computador e lança um ep chamado instrument. mais tarde, lança hotel paral.lel e mais alguns discos, conseguindo extrair um lirismo até então inaudito na abrasiva música noise produzida até então, de philip jeck a pita a jim o'rourke a poire_z.
dáí ele lança endless summer, um disco que reposiciona completamente o estatuto da música de barulho eletrônico. primeiro, consegue fazer com que seu som tenha mais afinidades com outros trabalhos em outros gêneros (my bloody valentine, cocteau twins, third eye foundation). segundo, consegue um disco coeso utilizando técnica mista, indo da guitarra limpa com blips e glitches no fundo até a pura manipulação de som eletrônico. terceiro, faz do noise eletrônico um gênero não mais exclusivo dos cabeçudos fãs de barulho.
mas o lance não é esse. o lance é que o fennesz acaba de lançar um disco ao vivo. chama-se live in japan e traz uns quarenta minutos de uma apresentação que ele fez em fevereiro para o público japonês. às melodias mais famosas ("endless summer", "caecilia", "codeine") misturam-se momentos inspirados de improvisação (no começo) e possivelmente trechos de canções que ainda estão por vir no próximo álbum, venice, a ser lançado em breve.
apesar de ser muito mais moderado do que as sonoridades algo ameaçadoras de instrument e hotel paral.lel, live in japan é um disco denso e cativante, tributário mais das viagens de, digamos, the orb, do que dos limites de tímpanos de merzbow ou alec empire. um disco solar e climático, doce mas de tempero jamais óbvio ou fácil.
depois de spring heel jack live, o ano vai bem de discos ao vivo: além desse do fennesz, tem o "c'est parfait" do keiji haino, outra pérola, e o tindersticks em lisboa. live, beibe, live
 
 
flores do oriente
yoshihiro hanno é um espanto. eu já tinha feito um parágrafo aqui sobre ele, falando da beleza que é april, um disco que não deve nada às experimentações com ruído eletrônico de alemães como oval, etc. mas o primeiro contato que eu tive com ele foi através da (estupenda) trilha sonora de um dos filmes mais perfeitos dos últimos anos, flores de xangai do hou hsiao-hsien. o filme é sobre as casas de prostituição na xangai do século xix. o hou fez questão de que tudo fosse restituído em seus mínimos detalhes, do dialeto (hoje morto) aos objetos, das roupas à música. daí nosso japonês eletrônico mergulha na música chinesa do século xix e nos entrega uma música extraordinária que eu só agora consegui baixar do soulseek. a música, hiponótica, dá todo o tom do filme: opiácia, letárgica e deslumbrante. o mais recente trabalho do yoshihiro hanno como trilheiro é love will tear us apart, filme chinês do diretor yu lik-wai que, se formos felizes, veremos em breve nos festivais de setembro-outubro em rio-são paulo.
 
 
soundtracks of our lives
não sei se isso tem interesse para alguém. talvez relevância médica, sei lá. mas que tipo de coisas passam pela cabeça de uma pessoa que está para ser / acaba de ser operada do joelho? eu não posso ser de muita valia nesse caso, não vou ficar floreando as coisas que eu pensei fingindo ser escritor. já tem muita literatura jovem ruim pra vocês lerem, eu seria muito babaca de acrescentar à já extensa lista de pretensos talentos. mas que tipo de música passa pela cabeça de um pós-operado, ou de um quase pós-operado? àqueles que têm curiosidade, eu posso responder: "the gloaming" do radiohead me fez vibrar, a versão de "canto de ossanha" feita pela harpista de jazz dorothy ashby foi a primeira coisa que eu quis ouvir quando cheguei em casa, a versão do bill frisell para "live to tell" não saiu da minha cabeça durante a estadia no quarto do hospital (e depois pude ouvi-la em condições adoráveis, aqui em casa), a estranha e respeitosa versão que o ground zero – antigo grupo do otomo yoshihide – fez para "folhas secas" do nélson cavaquinho, a beleza de "my death"do scott walker, última música que eu ouvi antes de sair de casa, "the happening", dos pixies, última música que eu dancei.
 
 
a knee story
enquanto eu passava uma madrugada de segunda para terça miserável com inúmeras dores no joelho recém-operado, a MTV exibia "blunt of juddah", clip que suponho novo da nação zumbi. para quem não sabe, rompi o ligamento cruzado anterior do joelho direito exatamente num show da nação. um ciclo se fecha...
 
domingo, agosto 03, 2003
 
samba & canção
todo mundo conhece o jamelão como intérprete de samba-enredo. injustiça. das grandes coisas que ele fez, o samba-canção talvez seja o registro musical mais apropriado pra voz dele. sentimental e empostado, ele dava uma emoção suplementar às músicas que escolhia pra cantar. a voz cheia cabe perfeitamente na coisa melancólica do samba-canção, e é na minha modesta opinião talvez o melhor intérprete de dorival caymmi (fora o próprio dorival) e lupicínio rodrigues. comprei a preço de banana, na rua, um disco sublime dele, de 1974. chama-se ela disse-me assim. e ninguém comenta esse disco. nem tudo é samba-canção, que fique claro: tem samba, carimbó, etc.
e uma letra, ao menos, é desconhecida (procurei no google sobre a letra, sobre os autores, e nada...) e clássica, digna de herivelto, ataulfo, torquato, adoniran, lupicínio, todos esses gênios de nome esquisito que fazem nosso primeiro time de compositores populares. é composta por sebastião cyrino e celio batista e se chama "três amores". a letra segue assim:
"tenho três amores na vida
música, mulher e bebida, essa é a razão do meu ser
a música me enleva a alma,
a mulher me tira a calma
e a bebida me faz esquecer"
com essa me despeço até ter joelho novo e ficar sem andar por 20 dias. gudibái.
 
 
pequenos comentários
o disco que os tindersticks lançaram em tiragem limitadíssima, ao vivo em lisboa, é um mimo só. dá pra achar no soulseek com alguma facilidade. é muito mais bacana que o verdadeiro disco novo, waiting for the moon. dá pra gravar num cd junto com o cover que eles fizeram de "kooks" do bowie (direitinha, nada demais) e com o trojan ep, outro novo lançamento deles.
outro de disco novo bacana mas que não acrescenta nada é o tricky. pra alguns ele já perdeu o interesse completamente. pra mim, não. ele ainda consegue fazer pérolas como "stay", a música que abre o disco e que vale tranqüilamente mais do que ¾ da música feita por aí.
agora outro papo: alguém aí me explica por que daniel johnston é maneiro? eu ouvi e não consegui entender. na boa.
discos que eu vou levar para o hospital: hail to the thief, i care because you do, tutano, turn on the bright lights, amnesiac, como e por quê. e mais alguns que eu ainda tou escolhendo.
 
 
caminhos biliosos
nunca fui um devorador da obra do mike paradinas, mais conhecido como µ-Ziq. de cabeça, lembro de muito pouca coisa, mas uma melodiazinha singela por sobre uma batidinha de drum'n'bass atacando, acho que é "my little beautiful" ou algo do tipo, eu lembro que me deixou em altos espíritos.
em 2003 ele lançou um disco bem curioso, bilious paths. começa muito diferente do que eu presumia pelo que já tinha ouvido antes. lembra um bocado o squarepusher mais abrasivo e, pela grosseria e velocidade de certas batidas, alec empire.
aos poucos, o disco vai ficando mais parecido com aquilo que eu mais conheço do µ-Ziq. quer dizer, não que seja previsível, mas o começo do disco tem aquela coisa desconjuntada que impede o squarepusher de realizar um disco todo coeso, daqueles que você fica impressionado como não está nada sobrando nem faltando. depois as composições ficam mais ordenadinhas, a partir da faixa 4, principalmente. da primeira vez que eu ouvi o disco, achei que ia abandoná-lo na primeira audição. mas o disco voltou, e devo ouvi-lo mais umas boas vezes. isso quer dizer alguma coisa. acho.
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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