pra coisa nenhuma. mesmo.
quarta-feira, outubro 22, 2003
 
som de rarrarrá
não sei se esse ano têm tantos discos que merecem interesse imediato, mas há uma pequena porção deles e um deles é certamente assinado haha sound, segundo disco do broadcast (se omitirmos uma coletânea de eps chamada work and non-work; o primeiro, essencial, se chama the noise made by people e tem canções lindas como "papercuts" e "come on let´s go"). signatários do selo warp, o broadcast tem muito pouco a ver com a dilapidação do som eletrônico operada por artistas como aphex twin, autechre e squarepusher. estão mais próximos, talvez, de stereolab (só que mais líricos), de sneaker pimps (só que mais densos e muito melhores), um pouco do segundo disco do portishead (sem a voluptuosidade da beth gibbons). de primeira, duas canções se estabelecem e não desejam jamais sair do seu coração: "pendulum" e "before we begin". mas haha sound guarda mais segredos do que esses. uma das pepitas do ano. esperem esse disco nas listas de final do ano de muita gente...
 
 
rainha da selva
enquanto não aparece um novo trabalho de ms. polly jean harvey, o jeito é dar uma olhada num material antigo que eu nem sei bem se é famoso há muito tempo. trata-se de jungle queen, um disco aparentemente lançado sorrateiramente em 1995 com nossa musa pj harvey cantando e tocando sua guitarra e nada além. o primeiro disco inteiro e na ordem, em versões muito pouco modificadas mas que adquirem seu brilho próprio despidas de instrumentação, mais algumas coisas do segundo disco. uma pena que não tem "legs", uma favorita pessoal. mas tem o suficiente.
 
quarta-feira, outubro 15, 2003
 
mais presente de dia das crianças na folha
outra preciosidade é o artigo de hermano vianna falando sobre o tecnobrega do pará. alguém aí tem alguma coisa? grava pra mim? a genealogia e a geografia musical do brega que ele faz no artigo são ótimas, assim como a apologia do caos produtivo na divulgação livre das músicas populares-folclóricas (tecnobrega, funk carioca). termina com um fundamental elogio do mp3 e das formações de economia leves e separadas das cadeias majoritárias de distribuição de música. bacana pra dedéu.
o hermano tinha me perguntado que coisas eu gostaria de ver no tim. eu disse godspeed you! black emperor, o coletivo de rappers anticon (dose one, buck 65, sage francis, cLOUDDEAD), tindersticks, mercury rev, the books. não veio nada disso (talvez eu tenha mencionado the streets, não lembro), mas a seleção dele tá excelente.
* * *
não tem nada a ver com música, mas o artigo do antonio negri sobre o livro do agamben é uma dessas coisas que faz a gente se interessar por destrinchar livros e livros de um filósofo, conceito atrás de conceito. um amigo meu, o mauríocio rocha, já tinha me falado do agamben como um "heideggeriano de esquerda" (se bem que eu não sabia o que fazer com isso). o negri defende aquilo que acha jubilatório no agamben e arruma um meio de inocular aquilo que vê ainda como veneno dialético do hegelianismo e do relativismo reinante (derrida). muito bom. e isso tudo num único suplemento. bacana mesmo.
 
 
presente de dia das crianças na folha de são paulo
deu no caderno mais da folha: tom zé vem com livro, disco e dvd novos, lançamento em novembro. beleza. o suplemento dominical conta com uma excelente entrevista com tom zé realizada por arthur nestrovsky e luiz tatit, em que ele relembra sua cidade natal, irará, como começou seu interesse pela música e lembra de seu mestre koellreuter, que diz ter ficado noites sem dormir depois de ter ouvido a peça "toc", de seu ex-pupilo. obrigatório.
 
 
pequeno guia para se apaixonar de uma vez por jim o'rourke
é simples: baixar o disco eureka e o ep halfway to a threeway. colocar juntos num cd só. tanto faz a ordem: eu tenho o eureka primeiro, mas acho que recomendaria o inverso. começar o cd com "fuzzy sun" é entrar direto em música pura, exuberante e contida ao mesmo tempo. composto unicamente por 4 faixas, esse epzinho não tem gordura nenhuma. fecha com a homônima "halfway to a threeway", violão, voz e coro de arrepiar, é a música do jo'r que mais volta na memória para nos assombrar ou para acalantar nossos momentos alegres. já o eureka é um grande hit. talvez os mais apressados devam passar direto da primeira música, "women of the world". talvez a excessiva repetição da frase-mote da música atrapalhe um ou outro (às vezes eu começo direto na faixa 2). "ghost ship in a storm" e "something big" são duas melodias e arranjos vencedores, solares, e devem inclusive um pouquinho à música brasileira (mas também a paul simon, burt bacarach...). "eureka", que inspirou o diretor japonês shinji aoyama em seu filme homônimo, é uma peça mais longa e densa, e tão bonita quanto as outras. mas não falemos mais, senão o guia já não será mais tão breve assim...
 
terça-feira, outubro 14, 2003
 
drinks de tequila, cerveja, irish coffee
preciosidade a trilha sonora de lost in translation (encontros e desencontros), do filme de sofia coppola. o principal elemento deflagrador do interesse nessa trilha é o fato de ser o primeiro material inédito saído da cabeça de kevin shields desde loveless, disco de 1991 do grupomy bloody valentine. a pista falsa é esperar algo do nível do mbv: o cara anda em outra, certamente caiu vítima de seu próprio passado, ou simplesmente a fonte secou. acontece.
mas pelo que vemos na trilha, o cara ainda está bem afiado tanto nas composições ( "city girl", "goodbye") quanto na escolha de outras músicas para o filme (a essencial vinheta "tommib", do squarepusher, a beleza que é "fantino" de sebastian tellier).
uma original do death in vegas é talvez o momento alto do disco: "girls". bacana que para outro filme, demonlover, eles já contribuiram com a essencial "dirge". entre outras inéditas, vale ressaltar uma nova do air, "alone in kyoto" (boa mas não particularmente memorável). entre as já clássicas, "sometimes" do my bloody valentine e "just like honey" do jesus + mary chain. sobram no disco as canções dos grupos phoenix e happy end. nem tudo é perfeito. o conjunto do disco, em todo caso, é excelente. as primeiras 6 músicas do disco são de se tirar o chapéu. muito bom.
 
sábado, outubro 11, 2003
 
eu não morri, nananá, não morri-í
pois é. vi muitos filmes, dormi em alguns deles, mas não morri, como já diria a música dos autoramas. eu endosso o coro de elogios a lost in translation, poderoso e belíssimo filme de sofia coppola. como se não bastasse o talento da moça, o filme ainda é a primeira vez desde o fim do my bloody valentine em que o kevin shields tem composições próprias. a trilha é uma pérola (ainda não ouvi só o cd, que juju&tiago gravaram pra mim, mas ouvirei em breve), e ainda temos a oportunidade de ouvir a deusa scarlett johansson cantando "brass in the pocket" dos pretenders. bill murray cantando "more than this" é um mimo só. pra não dizer que eu não falei de flores, passei o festival do rio ouvindo pale saints (comfort of madness), jorge ben (solta o pavão), bob dylan (bringing it all back home), joão gilberto (o mito, compilação dos três primeiros discos, fora de ordem), aphex twin (hangable auto bulb 1&2) e assisti ao brilhante show de jards macalé do disco novo (amor, ordem e progresso). voltaremos a tudo isso, em seu devido momento. amor perfeito... amor quase perfeito...
 
 
frim jop tazz festival (2)
comprei hoje cinco ingressos (como é bom ainda ser estudante!). beth gibbons no primeiro dia, seguindo direto pra discotecagem do 2 many dj's. aquele negócio: gosto um bocado do out of season. as pessoas colocam milhas abaixo do portishead mas de fato eu só acho abaixo mesmo do segundo disco do portishead, homônimo, esse sim uma verdadeira obra-prima. 2 many dj's é aquele lance: em disco é engraçado mas perde o humor rapidamente. alguns lances geniais de mixagem que a gente espera ver na apresentação deles. se for só tocar o que eles já fizeram, vai rolar desapontamento sério. tomara que eles surpreendam com improvisações. segundo dia o white stripes é a aposta de todos, mas quem arrisca roubar o show é o rapture, responsável por um dos discos mais estimulantes do ano e que cresce a cada audição (o elephant, aliás, também é meio assim). mas "olio", "out of the races and into the tracks" (será que vão tocar?) e principalmente "house of jealous lovers" prometem levantar toda a poeira possível do chão. minha aposta de melhor show do festival. espero que meu joelho sobreviva (não, não vou poder pular tanto quanto gostaria, nem ficar tão perto do palco quanto queria). super furry animals é uma incógnita. maioria das músicas é fraca, algumas pérolas. vamos ver quem ganha. última noite quero muito ver the streets porque gosto muito do primeiro disco do projeto (é um cara só, o mike skinner, nação zumbi é garantia de peso e poder, e public enemy é mais do que obrigação ir ver. no fim, prestigiar zé&gordinho e vê-los fazendo a passagem pro dj marlboro com tati quebra-barraco e peaches (é o que rola na boca pequena). será que gordinho terá coragem de fazer seu mítico live p.a. do rock misturando "detalhes" de mc marcinho com "nyc ghosts & flowers" do sonic youth? esperamos ansiosamente...
 
 
frim jop tazz festival (1)
não vou ver mccoy tyner. vários motivos: já esgotou, acho que não iria gostar da platéia, não acompanho a carreira do grande mccoy como big band leader, mas acima de tudo odeio ver shows sentado em cadeira. dia desses, na pedro lessa, achei por um pouco mais que duas mariolas uma obra-prima do mccoy: extensions. gravação mítica com alice coltrane na harpa, wayne shorter, ron carter e elvin jones, importado, excelente estado.
mccoy tyner, pra quem não sabe, foi o pianista da formação mais importante da carreira do john coltrane (os outros que compunham o quarteto: jimmy garrison no baixo e elvin jones na bateria). depois que o coltrane formou outro grupo para explorar cada vez mais suas fronteiras sonoras e encaminhar-se para o free, mccoy seguiu seu próprio caminho. o resultado é uma obra que tangencia muito do que o mccoy trabalhou com o coltrane, mas nada de derivativo ou de estar sempre sob a asa do mestre. a primeira metade dos anos 70 é extraordinária, vários discos clássicos (enlightenment, expansions, extensions, song for my lady). e quando o wayne shorter tá na formação, aí sai de baixo...
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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