pra coisa nenhuma. mesmo.
segunda-feira, novembro 17, 2003
 
corro e lanço um vírus no ar, sua propaganda não vai me enganar
por que markus acher, vocalista do grupo alemão the notwist, colocaria seus vocais numa canção de um renomado dj de hip-hop como alias? e como um grupo eletrônico como o lali puna consegue fazer uma versão tão inacreditavelmente bonita para "40 days", clássico hit "dream-pop" assinado slowdive? por que thom yorke se diz tão interessado num rapper branco e canadense como buck 65? seria o death in vegas a síntese perfeita entre rock alemão anos 70, música eletrônica anos 90 e guitarra distorcida à my bloody valentine (seria a inclusão de uma música deles numa trilha sonora made by de kevin shields – lost in translation – uma confirmação disso?)? seria o infame quim barreiros o genival lacerda português? e já não é tempo de reconhecer mr. catra como verdadeiro continuador de uma tradição musical brasileira que tem em wilson batista e moreira da silva seus iniciadores (a crônica marginal-de-classe-baixa em primeira pessoa?)? retorno a burt bacarach e hal david? se jack white pode, por que não nós?

além de todas essas dúvidas, claro, muitas certezas: pixies, the clash, rapture, death cab for cutie, pulp, four tet, massive attack, jay hawkins, roberto carlos, mr catra, tati quebra barraco, blondie, todd rundgren, jesus and mary chain, my bloody valentine, stone roses, ride, flaming lips, mercury rev, elis regina, bezerra da silva, jorge ben, björk, the cure, postal service, dntel, aphex twin, the byrds, zombies, the kinks, sonics, nick drake, big star, pavement, sonic youth, radiohead, strokes, interpol, caetano veloso, burt bacharach, the carpenters, omd, ramones, van morrison, ben folds five, weezer...

mas todo mundo sabe, eu não gosto de weezer. se alguma coisa dessas daí não tocar, culpem o júnior.

ah, e zé, dessa vez lembra de achar uma cápsula ou falar a tempo pra eu levar a minha :)))

é isso, pessoas, venham à maldita do dia 15/11 na casa da matriz. vamos fazer o máximo possível para vocês se divertirem.
 
quarta-feira, novembro 05, 2003
 
pequena nota
quem conseguir, que baixe "bacalhau à portuguesa", também descoberta a partir de um dos filmes do joão césar monteiro, recordações da casa amarela. o gênio atende pela alcunha de quim barreiros...
 
 
cantos da guerra civil, pequenos deuses, música judia
a retrospectiva do joão césar monteiro na mostra de são paulo me deu um novo vício: a canção "bella ciao", hino da guerra civil italiana e, por extensão, de todos os tipos de libertação política. toca no vai e vem, numa cena antológica. baixei infinitas versões, de chumbawamba a anita ward, passando por thomas fersen e manu chao. a melhor é uma anônima, representada apenas com um + antes do nome da canção. enquanto isso, tento baixar um ep do young gods chamado play kurt weill, exclusivamente com canções do compositor de brecht. para quem não conhece, o young gods é um grupo de eletrônico/industrial da primeira hora, responsável por um belíssimo disco (incrivelmente lançado no brasil) chamado l'eau rouge. depois do sucesso do ministry com psalm 69 eles decidiram embarcar na oda e ficaram chatos, mas os primeiros discos são muito bons. mas tá complicado baixar... enquanto isso, o jeito é ir com passos de formiga começando a baixar os trocentos lançamentos com a marca masada que john zorn e banda (dave douglas, joey baron e greg cohen completam o time). dez volumes de estúdio além de discos ao vivo e gravações por outros artistas (como o excelente masada guitars com bill frisell e tim sparks). mais tarde, quando conseguir baixar e ouvir, comento melhor...
 
 
me deixe mudo
o ano anda muito bom para a tal seara do hip-hop instrumental. ok, o u.n.k.l.e. enveredou por outros trilhos, mas ninguém sentiu muito a falta. já tínhamos alguns discos suplementares do dj shadow (diminishing returns, outtakes do private press), a bela estréia do dosh em seu primeiro disco homônimo... além da peça rara que é o one word extinguisher do prefuse 73, mas é questionável se trata-se de um disco de hip-hop instrumental e não de música eletrônica propriamente dita.
mas agora o papo mesmo é sobre o alias. ele já tinha lançado esse ano um belíssimo ep intitulado eyes closed (que inclusive mereceu um post aqui meses atrás). mas agora com o muted, segundo disco longo dele (o primeiro, the other side of the looking glass, é ótimo), o cara se estabelece como estrela de primeira grandeza no negócio. começo devastador com "sixes fast" e "again for the first time" para depois culminar na beleza da faixa cantada "unseen sights", comparável aos melhores momentos do psyence fiction ou a "night light" de miho hatori no remix do prefuse 73. "i would like to write a song that..." e "am i cool now" são demolidoras... taí um disco pros preferidos do ano...
 
segunda-feira, novembro 03, 2003
 
orbitais em trilha
vendo os discos de um usuário do soulseek de quem eu costumo baixar coisas (adoro essas coisas, não sei se é homem ou mulher, se é dos eua ou de macau, nunca sequer conversei, mas volta e meia ando baixando coisas, de free jazz a eletrônicos), vejo um novo disco do orbital, octane. baixo e começo a escutar. penso na hora que é hoax, aquelas malandragens pra enganar fã ávido. mas não: trata-se apenas da trilha sonora para o filme de mesmo nome. como trilha ainda falta eu ouvir de novo. sei que, como um disco puro do orbital, não se sustenta. para os que quiserem baixar, já tá bem disponível na net... meus discos preferidos do orbital são diversions, uma coletânea de peel sessions + adições, e o 2 (com a clássica "halcyon+on+on").
 
 
tim festival 2003, a melhor edição do free jazz (ao menos para os fãs do mundo pop)
dá pra colocar em ordem de preferência as coisas fenomenais que a gente vê? em cinema eu consigo, em música não. então vai lá, em ordem de dia e horário, as excepcionais apresentações do tim (vou repetir o que a maioria no último dia do tim stage: obrigado, hermano):
2 many djs: por disco dava pra ver o talento de mixagem e a virtuosidade nas passagens das músicas. mas é ao vivo a prova dos nove e eles passaram com 10. hinos de rock, tecno das origens, michael jackson, hip-hop. parece que toda a música que funciona em pista de dança, de hardcore à eletrônica, não passa de uma mesma e grande família, em que o nirvana abraça o 808 state. manipulação perfeita dos graves, passagens inacreditavelmente criativas. ainda tocaram provavelmente a matriz de tudo o que eles fazem: a utilização de “chase the devil” de max romeo em “fire” pelo prodigy, back in 1992. expandiram e dilataram minha concepção de criatividade em discotecagem.
the rapture: havia o medo de um grupo em começo de carreira discográfica (a banda existe desde 1998) ser rejeitado pela platéia ou não saber se envolver com um público que estava lá pra ver a última atração. mas eles pouco se importaram. começaram com a grande “infatuation”, lenta e venenosa balada que fecha o disco. depois, “out of the races and onto the tracks”, faixa que ficou fora do disco (sabe-se lá por quê). depois de outra que não é do echoes, começa “olio” e já está tudo garantido. “heaven”, ‘sister saviour” e acima de tudo “house of jealous lovers” levam qualquer um ao delírio. showzaço.
public enemy: começaram com “brothers gonna work it out”, emendaram “welcome to the terrordome” e jogaram “bring tha noise” direto. assim fica fácil, né? ainda terminaram com “she watch channel zero”. todo o peso deles, mesmo com os samples jogados lá pra trás no som, existe e deve-se à veemência e à voz dos rappers. “911 is a joke”, “cold lampin’ with flavor”, “fight the power” (lógico), “can’t truss it”, “shut’ em down”, “son of a bush”, single novo (com direito a “fuck you bush” pra galera, o refrão é “he’s a son of a bad man/ he’s a son of a bush”), “don’t believe the hype”, “black steel in the hour of chaos”. dava medo de ser coisa de dinossauro, mas no palco os malandros se garantem e dão ao público agressividade em estado puro (as coreografias dos “seguranças” em uniformes militares com adagas não quer dizer outra coisa). se isso não é política, eu não sei o que é. pena que no meio do show a banda nova do professor griff, the 7th octave, entrou e encheu o saco com um rock-rap pra lá de vagabundo.
fantásticos porém não perfeitos:
nação zumbi: pra quem não via há muito tempo, o show merecia entrar na lista acima. tendo visto três shows nos últimos oito meses (é, não foi um ano tão mau assim...), tocaram apressados e um pouco nervosos em ter que cumprir horário. mas dentro do que fizeram foram perfeitos. química perfeita entre psicodelia do mangue (“prato de flores”) e peso (“meu maracatu pesa uma tonelada”, “quando a maré encher”).
beth gibbons: o disco dela com rustin man, out of season, é excelente. melhor que o dummy, até. aí ela começa direto com “mysteries”, uma das coisas mais bonitas já saídas da boca dessa diva, e a gente esquece o público mal-educado que fala em celulares ou entre si, as pessoas que circulam ainda para achar seus lugares, a horrível grua que passa a 15cm de nossas cabeças e atrapalha nossa atenção, as cadeiras (ver show sentado é falta de respeito, além de ser coisa de velho). “tom the model” (esperado) e “funny time of the year” são os grandes momentos do show, até que no bis ela toca “candy says”, ela mesma, a música que abre a terceira obra-prima do velvet underground. corpo todo eriçado, as lágrimas começam a cair. por que não foi perfeito? sei lá, talvez o clima do público, certamente a postura da banda. pedia iluminação mais tímida também. em todo caso, beth gibbons aponta para além de tudo isso.
marlboro + convidados: fenomenal, a não ser pela hora em que começou, 5h30. Foi até 7h45 com muita gente lá. os “grupos” que fizeram participação especial, novos e empresariados pelo dj (suponho), mandaram mal, não têm carisma e as músicas não são boas. em compensação, cidinho e doca mandaram benzão (fora a menção ao flamengo, mór babaquice), tati quebra-barraco fez uma apresentação pequena mas quebrou tudo de fato, e serginho foi antológico. dj marlboro fez parte populismo (james brown, discurso “o funk é culpado por tudo, não acreditem nisso”), parte pura diversão (o circo de distribuição de camisas e chaveiros, as músicas, as ótimas passagens entre as músicas, verdadeiramente um mestre de cerimônias).
muito bons:
white stripes: uma hora e meia de show. uma hora muito boa, outro tanto de enrolação. era o que eu esperava. só um deles tem talento (jack white, claro), mas não é toda hora que ele consegue deixar tudo perfeito. nas horas que consegue, no entanto, é de deixar de boca aberta. os momentos de slide guitar e a forma como consegue sempre manter o som cheio são impressionantes, e quem gosta de música, mesmo antipatizando, não sei se conseguem dizer que aquilo não presta. minhas preferidas? “i think i smell a rat”, “seven nation army”, “i just don’t know what to do with myself”. ótimo terem tocado “fell in love with a girl”, bem chatinha, em andamento e ritmo diferente. faltou “there’s no room for you here”.
zé & gordinho: tiveram só 35 minutos, em que desfilaram os hits que construíram nas festas em que discotecam há 5 anos (loud, a maldita). “2+2=5”, radiohead; “race for the prize”, flaming lips; “goat with the head cut off”, magnetic fields; “PDA”, interpol; “bandages”, hot hot heat; “olio” (primeira versão), the rapture; “thaw me”, tenage fanclub foram algumas delas. poderiam ter tocado alguns dos clássicos oldies que viraram marca registrada deles (“time of the season” do zombies; “i’ll feel a whole lot better” dos byrds ou “purr” do sonic youth), como o hit mais certeiro de hoje, “can we start again” dos tindersticks. gordinho preferiu não inventar moda e não fez o famoso live p.a. do rock, ficou dançando na frente das carrapetas. preferiram fazer um display da festa e foram bem-sucedidos.
bons:
k.d. lang: a musa em minúsculos é simpaticíssima, canta bem e tem personalidade. só que é bobinha nível gwyneth paltrow no oscar. mas esse não é o problema. o drama são os arranjos da banda, aguados e sem força. “constant craving” em versão quase irreconhecível, ficamos apenas com a voz dela, a única coisa que brilhou no show.
fellini: o som deles não é pra empolgar platéia. mas ter se apresentado com banda talvez tenha sido um tanto de heresia para os fãs antigos. nada do que o percussionista fazia, por exemplo, era mais interessante do que o trabalho da bateria eletrônica. e a apresentação da banda, a dois, dava mais sentimento de coesão interna e música íntima, coisa que os white stripes conseguem fazer mesmo com o estrelato que atingiram (as trocas de olhares entre jack e meg white são momentos altos do show). mesmo assim, “zum zum zazueira” e “chico buarque song” sempre serão clássicos para aqueles que já as ouviram.
fracos:
the streets: original pirate material é um bom disco. dava para extrair dele um bom show, mas mike skinner não conseguiu. entrou cheio de marra, mas marra não é moeda de estrangeiro no brasil. brasileiro se acha mais malandro do que o mais malandro europeu. bola fora. mas o pior foi o cara que canta junto com ele, um negão musculoso que entopia as músicas com aquele vocal r’n’b meloso que está em medida certa no disco. até preferidas pessoais, como “let’s push things forward” e “turn the page” não foram momentos altos. pena.
super furry animals: até os fãs se dividiram na apreciação do show; alguns gostaram e outros não. achando majoritariamente chato (gosto só de “northern lites” e “juxtaposed with u”), achei o show uma cafonice completa, músicas chatas e senso de humor que não me fez graça. talvez no país de gales seja diferente. maior decepção do festival. eu esperava ser surpreendido e aprender a gostar. o show só me deu motivos pra continuar achando o que eu acho.
sinhô preto velho: gangrena gasosa com chico science? em todo o caso, o pior é como os rappers ainda têm uma concepção muito old-school e não muito talento em fazer rimas. anedótico. pode vir a ser algo maior, ainda estão começando.
whirlwind heat: que nem thee butchers orchestra. mandam bem no palco, o som tem força mas o tempo vai passando e você descobre que não consegue diferenciar as músicas e que isso não faz muita diferença. então a gente percebe e diz ok, por quinze minutos vai. depois cansa.
afroreggae: a parte ong do tim. quando começaram, eram promissores. desde então, ensaiaram mais as coreografias do que as músicas. viraram macumba pra turista e pra classe média abastada que nunca subiu numa favela. e quem disse pro vocalista que imitar o falcão do rappa era uma boa idéia? saí no meio.
peaches: pífio. clássico b.o. (não baixo orçamento nem boletim de ocorrência, mas “bom pra otário”). as bases são péssimas, a voz dela pior do que a da tati, o que nos deixa basicamente com a “performance” dela, que consiste em remexer o corpo de travesti que ela tem de forma supostamente sexy, subir em caixas de som e simular um ataque epiléptico ou cuspir sangue falso na platéia. cansei na terceira “música”, saí na quarta.
não vi:
jackson araújo: cheguei quando mandava um remix db de “você não me ensinou a te esquecer”. a parte que vi não me empolgou. não me arrependi de ter chegado tarde: em algum momento a gente tem que namorar.
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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