pra coisa nenhuma. mesmo.
terça-feira, julho 27, 2004
 
quando o cotovelo arde
o que fazer? tomar banho para sossegar o facho, concentrar no trabalho (hah! é possível?), ou... ouvir música. a da vez foi a coletânea do cartola da série aplauso. tenho todos os discos de carreira dele, mas o da série aplauso tem uma grande vantagem para essas ocasiões: começa com "o inverno do meu tempo" e "autonomia". agora rolando "pranto de poeta", de e com nélson cavaquinho.
isso remonta à época em que eu acabava de fazer dois dígitos de idade, então nem comento. já foi "i know it's over" ou "how soon is now" na adolescência, "velvet goldmine" do bowie (!) recentemente, ou as songs of love and hate, recorde de água vertida (favor tentar "famous blue raincoat", "dress rehearsal rag" ou "love calls you by your name" antes de me recriminar por pieguice). and the cotovelo still aching...
 
domingo, julho 25, 2004
 
elle a passé tant d'heures sous les sunlights
eu sempre fico com um pé atrás quando baixo versões "advance". vai que você julga o disco novo de um artista que você ama e não é a versão definitiva? ou pior: se é hoax? isso já aconteceu (baixar, não comentar) com o penúltimo disco do orb (a versão que vazou tinha músicas diferentes e em ordem diferente) e com o fenomenal drukqs do aphex twin (umas três faixas disponíveis no audiogalaxy antes do disco vazar eram apenas barulhinhos de música "experimental": hoax mole mole). digo isso porque ouvi os discos novos de radio 4 e the streets, e achei ambos um lixo. banda com singles bem interessantes ("dance to the underground"), o radio 4 deve estar percebendo, junto com o !!! (que também tem as bem legais "losing my edge" e "me & giuliani down by the schoolyard"), que não é fácil assim fazer um disco de rock eletrônico à la discopunk. falta peso, falta personalidade, falta variedade musical. falta, intransitivo. serviço: o nome é stealing of a nation.
já os streets, ou o mike skinner, que se apresentou aqui no rio e não surpreendeu ninguém, faz um disquinho que, esse sim, parece completamente ainda não produzido, modorrento, previsível, bobo. ainda não ouvi prestando atenção nas letras, então é provável que eu volte ao disco. mas parece, de fato, mal-produzido pra dedéu... o que instaura novamente a apreensão-"advance". se eu ouvi os advances, favor desconsiderar tudo isso.
disquinho bom pra dedéu é in tune and on time, gravação de um set ao vivo em que o dj shadow discoteca as suas próprias músicas, remixando e fazendo passagens impressionantes das faixas do psyence fiction, the private press, preemptive strike e endtroducing (além de uns singles). ajuda se você já conhecer as músicas (afinal, a graça está em como ele rearranja o próprio material), mas creio que até pros novos ouvintes a audição é fluida e agradável.
 
 
since they left us
faz um tempo que os avalanches nos deixam esperando ansiosamente por um segundo album. at last alone, o ep com alguns remixes e faixas lançadas previamente em singles, óbvio, não supriu a demanda. 2003 viu o grupo sem lançar completamente nada, sequer uma faixa pra coletânea, um remix, nada. mas não é que, então, depois de longa espera, os avalanches soltam um remix para... belle & sebastian! "i'm a cuckoo" é o nome da faixa. o trabalho do avalanches se resume a reconstruir a parte instrumental a partir de células percussivas muito tênues e barulhos de crianças brincando e cantando no fundo. no fim, a música acaba e as crianças continuam brincando e cantando. bacana. bom, não é nada não é nada, já é alguma coisa. esperamos impacientemente pelo sucessor do primoroso since i left you.
 
quinta-feira, julho 22, 2004
 
o básico: som e ritmo
em meados dos anos 90, a gravadora basic channel foi o foco através do qual dois músicos estabelecidos em berlim, mark ernestus e moritz von-oswald, deram origem a um techno verdadeiramente minimalista, indançável, com pouquíssimas células sonoras se repetindo, em volume também costumeiramente baixo. confesso que no estilo eu prefiro o pole à coletânea homônima que o basic channel lançou. mais clima, mais invenção, mais interesse na passagem de uma faixa pra outra.
daí curiosamente vai o basic channel e pára de gravar. muda de nome, vira rhythm & sound e tenta aplicar seu clima e seus preceitos ao mundo do reggae/dub. não que no basic channel não tivesse uma certa exploração do dub, mas ela se dava na estrutura musical do techno. agora, mil delays de guitarrinha e teclados típicas do reggae/dub, o mesmo andamento do dub, o mesmo clima atmosférico do dub. aparece um som que a simples definição "ambient dub" seria incapaz de dar conta de forma suficiente. afinal, se há semelhanças com alguns discos de outros artistas (orbus terrarum ou u.f.orb do orb, algumas coisas do mad professor nas faixas em que a batida está mais pregnante), ainda assim o grupo constrói uma paisagem sonora nitidamente diferente desses dois artistas, que aparecem, talvez, no máximo, como referências. o primeiro disco deles é a coletânea de singles showcase, de 1998. o segundo é o poderoso disco homônimo rhythm & sound, que eu aconselharia ser o primeiro a se ouvir (mas convém aconselhar: é preciso entrar no clima). no ano passado, eles lançaram, seguindo a tradição dos artistas jamaicanos, dois discos: um cantado (the artists) e um de dub (the versions). duas pérolas complementares e um tanto estranhas, que não tentam esconder o fato de que os produtores são europeus (e, pior, alemães, tradição nenhuma nesse tipo de música), mas que trazer consigo seu background artístico para adicionar alguma coisa ao som da tradição em que eles não estão inseridos (culturalmente, historicamente, geograficamente). será que vamos precisar de um estrangeiro para fazer o samba viver para além desse movimento reacionário "de raiz" patrocinado pela velha guarda da puc? no campo da cultura popular, tudo que não evolui vira folclore.
 
 
duas obsessões recentes
a primeira é o radiohead e existe desde que eu ouvi o kid a pela primeira vez. como os amigos que visitam este weblog já sabem, nem the bends nem ok computer jamais tilintaram nenhum sininho emocional nos meus ouvidos.depois de ter caído de quatro pra hail to the thief ("the gloaming"!!!), fiz a necessária volta aos discos anteriores, "pré-eletrônicos". curioso como tanto em bends quanto no ok computer há faixas e/ou momentos bem bonitos em determinadas faixas mas o conjunto não me convence. assim, até que uma coletânea saia, a maneira mais fácil de eu digerir melhor as faixas dessa época do radiohead (lembrar que, como o zé é testemunha, ok computer foi o disco que eu mais ouvi pra tentar gostar na minha vida) é ouvir às gravações dos shows da banda. assim, fica fácil entender como "lucky" é bonita, a grandiosidade de "paranoid android" não soando piegas, "karma police" (essa eu sempre achei bonita), "my iron lung" torna-se mais aceitável, etc. tou falando da gravação pirata do show feito no coachella festival, que tem um começo matador: 1) there there 2) 2+2=5 3) lucky 4) myxomatosis 5) my iron lung 6) exit music (for a film) 7) the gloaming 8) karma police. mas faltou "like spinning plates", "knives out" e, acima de tudo, "the pyramid song" (o show teve 21 músicas, entre as quais "no surprises" e "creep" são francamente dispensáveis).
a outra obsessão, bem mais recente, é o orkut. além das comunidades mencionadas das quais sou parte, criei duas comunidades. uma dedicada ao compositor de músicas de duplo sentido quim barreiros, dono de pérolas como "bacalhau à portuguesa", "mestre de culinária", "a garagem da vizinha" e "chupa teresa". claro que a paixão nasce acima de tudo a partir do fato de que algumas dessas músicas estão em filmes do joão césar monteiro, mas isso é irrelevante. a outra comunidade, que acabei de criar, é dedicada ao ataulfo alves (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=197065), um dos grandes gênios da música brasileira e um dos meus compositores preferidos. vamos ver se essa comunidade funciona ou se é apenas uma fotinho do lado do perfil dos usuários. em algumas horas de criação, já temos sete usuários.
 
terça-feira, julho 20, 2004
 
trivialidades, quem não gosta?
o diskman de mp3 anda se recusando a tocar. perda grande, porque muitas das coisas que eu ouço são através dele, na rua, no ônibus. por sorte, meu aparelho de dvd recém comprado (marca sva, lê tudo) lê disquinhos de mp3 lindamente. pena que é grande demais pra levar pra rua.
* * *
percebi ontem que a música que eu mais devo ter pedido a djs pra tocar é "eight miles high" dos byrds. não sei exatamente por quê, mas depois das quatro e meia da manhã parece a melhor música de se ouvir numa pista, bêbado. enchia o saco do tito na finada tangerina, enchi ontem o do edinho. curioso é que como dj acho que eu só toquei uma vez. depois das quatro e meia, claro. antes, geralmente é "have you seen her face". byrds é uma banda foda.
* * *
no orkut sou das comunidades aphex twin, itamar assumpção, lee scratch perry e sonic youth. a melhorzinha é a do itamar, o resto é bem chatinho.
 
 
alone in tokyo
o disco novo do joão gilberto é uma finura só. simples assim. o repertório é o de sempre, as mudanças na interpretação das canções funciona mais como lapidação das versões antigas do que como invenção propriamente dita. e no entanto está tudo lá, cheio de frescor, límpido, cuidadoso em fazer com que nada fique fora do lugar. alguém um dia há de escrever – talvez já tenha escrito e eu não li – sobre a estranha relação entre as letras das canções que ele canta (cantos de amor ao país, amores leves, coisas prosaicas da vida... não é todo dia que ele faz um "retrato em banco e preto") e sua forma de ritmar, adiantar ou atrasar frases, acavalar estrofes, cantando mais pela fala do que pelo significado por trás da fala. algum destaque num disco só de destaques? adoro "pra que discutir com madame?", "meditação" (uma das canções mais bonitas já feitas), "wave"... mas amanhã muda tudo.
 
sábado, julho 10, 2004
 
"the darker days of me & him" é disparado a melhor música do (bom) disco da pj harvey, uh huh her. é o primeiro disco dela em muito tempo que eu sinto que posso ouvir na boa, sem me sentir incomodado por açúcares mercadológicos. isso remonta aos períodos em que eu escrevia e editava com o zé, o tiago e o fábio o dissonância (daria o link se ainda estivesse online), e babei o mór ovo do disco dance hall at louse point. o grande disco dela é, ao menos pra mim, o rid of me. mas o que mais me interessa em uh huh her não é a possível "volta" a uma crueza, mas sim a ascendência cada vez mais clara do blues. segundo a lenda, ela gravou violão e voz em casa, e depois pediu acompanhamento em estúdio. se isso aconteceu de fato, não sei, mas o sentimento é esse mesmo. tem uma pessoalidade que agride, e essa agressão é algo de bonito mesmo.

disintegration loops é um trabalho delicado, conceitual, que demanda paciência, tempo e obstinação do ouvinte. naturalmente, vai ser pouco ou nada ouvido. e, se ouvido, geralmente o será mal. é um disco de conceito. sr. william basinski, já autor dos geniais watermusic e the river (entre outros que, sinceramente, não conheço), faz aqui um exercício sobre finitude que faz lembrar a arte povera da arte plástica. quando quis passar alguns loops que gravou em fita magnética nos anos 80 para base digital, basinski percebeu que esses loops iam rapidamente se desfazendo, e gravou esse processo. são quatro cds de loops sendo destruídos (ou seja, retrabalhados pelo acaso, e transformando-se em algo indiscernível), lentamente e delicadamente. os loops lembram em alguma medida os selected ambient works ii do aphex twin. imagine eles sendo destruídos ao longo de 20 ou 50 minutos. é meio isso aí. lindo.

kesto, do pan(a)sonic, foi uma referência recebida através de comentários aqui desse blog, pelo marcus martins. ouvi o disco 1 (também trata-se de um disco quádruplo) e não gostei nada. acho interessante o trabalho do mika vainio com o christian fennesz, mas o pan sonic nunca me interessou profundamente. aqui, talvez eles estejam à frente demais da música, ou simplesmente muito atrás. não sou da teoria de que se deve ouvir um cd duplo inteiro, quanto mais um quádruplo. se assim fosse, eles colocariam uma faixa só. ainda pretendo ouvir os outros discos (talvez o quarto, que tem uma faixa só, intitulada – promissoramente – "radiation", e dura 50+ minutos), mas por enquanto é, pra mim, um tiro na água...
 

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ao meu jeito eu vou fazer um samba sobre o infinito /// e eu nem sei que fim levou o meu -- risos /// quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão ///

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